Sócrates «arma-se em forte com os fracos» - TVI

Sócrates «arma-se em forte com os fracos»

  • Portugal Diário
  • 9 jan 2008, 17:18
Santana Lopes no Parlamento - Foto Miguel A. Lopes/Lusa

Santana critica fecho das urgências. E Portas acusa Governo de ter deixado de confiar nos portugueses

Santana Lopes reafirmou esta quarta-feira a posição do PSD sobre o referendo ao Tratado de Lisboa, mas questionou o primeiro-ministro sobre as hesitações e as conversas com os líderes da União Europeia, que terão durado até momentos antes do anúncio da ratificação pelo Parlamento.

Sócrates respondeu que «não havia, nunca houve nenhum acordo para decidir ratificações. Cada país é livre para fazer a sua opção. Portugal é completamente livre para fazer a sua opção».

O ex-primeiro-ministro trouxe para o debate as declarações do primeiro-ministro da Eslovénia, presidente em exercício da UE, que aconselhavam Portugal a não referendar o tratado. Sócrates classificou o aviso de «infeliz»:

«Portugal não precisa de conselhos sobre o que fazer».

Sócrates aceitou elogios pelo envolvimento português na guerra do Iraque

Santana Lopes retorquiu com o fecho de urgências e esquadras e acusou o primeiro-ministro de ser «fraco com os fortes e arma-se em forte com os fracos», fazendo alusão ao encontro de Sócrates e Bush, em que o primeiro-ministro não referiu a sua posição pessoal contra a guerra do Iraque.

O líder do PSD lembrou ainda que Sócrates ouviu do presidente dos Estados Unidos um agradecimento ao apoio português à guerra do Iraque - quando Sócrates, aquando da cimeira dos Açores, mostrou-se contra o envolvimento nacional -, não o tendo corrigido nessa recente visita oficial à Casa Branca. Na resposta, Sócrates disse apenas que a posição do Governo é «contribuir para que esse erro possa ser minorado».

Sócrates prefere compromissos com outros primeiros-ministros

O líder do CDS-PP acusou Sócrates de preferir

«compromissos com outros primeiros-ministros» do que o compromisso com o seu próprio país, ao optar por ratificar o Tratado de Lisboa no Parlamento. «Preferiu uma atitude de receio, não fazer o referendo, a uma promessa de coragem, que é fazer o referendo», acusou Paulo Portas. Na resposta, o primeiro-ministro sublinhou que o seu compromisso «é com a Europa».

«Deixou de confiar nos portugueses para aprovar o tratado que tem o nome da capital. Enquanto mudava o que pensava sobre o tratado, os portugueses mudavam o que pensam de si», criticou Portas. Sócrates replicou de imediato: «O que os portugueses pensam de mim ver-se-á nas eleições. Mas os portugueses já têm opinião sobre si, já lhe ouviram dizer "europa não", "europa talvez", "europa sim"».

José Sócrates sublinhou que ele próprio teve posições diferentes para tratados diferentes, mas acusou Portas de ter «posições diferentes para o mesmo tratado», já que o actual tratado de Lisboa incorpora o de Maastricht contra o qual se bateu o líder do CDS. «Não há nada como o poder para transformar um eurocéptico num eurocalmo...»
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