«Vi na Grécia Portugal com um ano de antecipação» - TVI

«Vi na Grécia Portugal com um ano de antecipação»

Bloco de Esquerda festeja eleição de dois deputados nas eleições europeias 2009

Eurodeputado Miguel Portas termina esta sexta-feira visita a Atenas

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O eurodeputado do Bloco de Esquerda, Miguel Portas, que termina esta sexta-feira uma visita a Atenas, disse à Lusa que o Estado grego está a degradar-se e o mesmo pode acontecer em Portugal.

«O que eu vi aqui na Grécia foi Portugal com um ano de antecipação. Ou seja, Portugal está no primeiro resgate. Os gregos acabaram de entrar no segundo e, portanto, as políticas são substantivamente as mesmas, só o grau de violência da austeridade está mais desenvolvido na Grécia», afirmou.

Miguel Portas está em Atenas desde quarta-feira, integrado numa delegação do grupo da Esquerda Unitária do Parlamento Europeu, de que fazem parte os eurodeputados do BE e do PCP.

Para Miguel Portas, as medidas impostas pela «troika» impõem uma «soberania limitada» até porque o Governo tecnocrático tem uma legitimidade que o eurodeputado considerou precária para tomar decisões.

«Este governo foi imposto ao parlamento. É verdade que foi legitimado e votado por três grupos parlamentares mas foi imposto de fora. Foi a primeira tentativa de governo tecnocrático, acima dos partidos», disse Miguel Portas, contactado por telefone a partir de Lisboa.

O eurodeputado sublinhou que um governo «construído de forma tão precária» não tem legitimidade para assinar um memorando «tão importante que vai decidir a vida da Grécia pelo menos até 2020, de forma tão drástica».

Segundo Miguel Portas, esta é a questão «que se coloca sobre a legitimidade» do Executivo, em particular quando «o próprio memorando estabelece condições de "soberania limitada" à própria política orçamental e económica da Grécia».

O «memorando impõe alterações à Constituição, impõe contas bancárias consignadas ao serviço da dívida e impõe um governo permanente ao serviço da troika no controlo de execução do governo propriamente dito», acrescentou.

De acordo com o anúncio do executivo de coligação, as legislativas estão marcadas para abril, sendo que as últimas projeções indicam que os dois partidos que compõem atualmente a coligação governamental, o PASOK e a Nova Democracia, passam a forças minoritárias.

«Se as sondagens têm alguma veracidade, estamos perante um grau de decomposição do sistema político e das forças políticas que apoiam os memorandos da troika e perante a possibilidade das forças políticas que são pela democracia e pela defesa do estado social poderem ter um peso muito substantivo no parlamento. Mas, ainda não é claro se a troika não vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para evitar que as eleições se realizem, por temer um resultado desse tipo: Uma grande viragem política na Grécia. Para Portugal essa viragem era absolutamente decisiva», concluiu Miguel Portas.

A delegação dos eurodeputados encontrou-se em Atenas com os partidos de esquerda, no parlamento, reuniu-se com sindicatos e visitou fábricas e piquetes de greve contra as medidas impostas pela troika.
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