Regicidas recordados em cemitério de Lisboa - TVI

Regicidas recordados em cemitério de Lisboa

  • Portugal Diário
  • 1 fev 2008, 00:01

Cerca de 20 pessoas prestaram homenagem a Buíça e Costa

Cerca de vinte pessoas prestaram esta quinta-feira homenagem aos autores do regicídio, junto às campas onde estão sepultados no cemitério do Alto de São João, em Lisboa.

Sob o olhar discreto de dois agentes policiais, foram colocadas duas coroas de flores, uma delas com as cores da bandeira nacional, sob a sepultura 4251, onde estão as ossadas de Manuel Buíça e Alfredo Costa, os executores do atentado contra o Rei D. Carlos e o príncipe Luís Filipe, há cem anos, a 1 de Fevereiro de 1908.

A romagem ao cemitério foi organizada pela Associação Promotora do Livre Pensamento (APLP), que se diz herdeira dos valores da Associação do Registo Civil e Livre Pensamento, à qual pertenceram Manuel Buíça e Alfredo Costa.

Sem a presença de qualquer familiar descendente dos regicidas, a homenagem contou, entre outros, com a participação de Fernando Caeiros, presidente da Câmara de Castro Verde, localidade onde nasceu Alfredo Costa, e do coronel Mário Tomé.

Regicidas: acto de «coragem e abnegação»

Na cerimónia, o historiador Luís Vaz, da APLP, sublinhou que este foi um «acto de pedagogia em defesa da memória e da História», no qual não se pretendeu «fazer o panegírico da morte», apenas recordar dois homens «que ofereceram a sua vida para derrubar a ditadura».

Num curto, mas aplaudido discurso, o historiador fez uma pequena resenha histórica dos acontecimentos de há cem anos, referindo que «a morte de Buíça e Costa lamentavelmente foi uma morte necessária a que o tempo, o único juiz sereno, veio dar razão».

«Para nós não é mais importante a morte dum rei ou dum simples cidadão», disse Luís Vaz.

À agência Lusa, o historiador reforçou a ideia de que «a República não existiria hoje sem o acto de coragem e abnegação» de Buíça e Costa.

Com esta homenagem, a Associação Promotora do Livre Pensamento quis ainda recordar a exigência à Câmara Municipal de Lisboa da recolocação do mausoléu nas sepulturas de Manuel Buíça e Alfredo Costa, retirado em 1940 pelo Estado Novo.

Colocadas entre dois jazigos, as sepulturas dos regicidas têm apenas gravado em pedra, sem mais qualquer ornamento ou símbolo, «Aqui jazem Alfredo Luiz da Costa e Manoel dos Reis Buíça falecidos em 1 de Fevereiro de 1908».

O antigo mausoléu incluía a inscrição «Libertadores da Pátria Portuguesa».

Sexta-feira, 1 de Fevereiro, um outro grupo de cidadãos - denominados Os Abades de Portugal - realizam nova romagem às sepulturas dos regicidas, às 16h20, com a colocação de uma coroa de flores e a leitura da última carta que Buíça escreveu antes dos atentados.

O fotógrafo Inácio Ludgero, daquela organização, disse à Lusa que a homenagem é promovida «por um grupo de republicanos e laicos», em respeito por «dois cidadãos impolutos», «dois mártires pela República e Liberdade».
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