Putin e Cavaco recordam relação secular

Os 3900 quilómetros que distam entre Lisboa de Moscovo não evitaram um contacto de «muitos séculos» entre a Rússia e Portugal. Os presidentes dos dois países fizeram questão de sublinhar a relação de «amizade» alimentada pelos dois países, num dia de encontros que terminaram no Palácio Nacional da Ajuda, onde esta quinta-feira foi inaugurada a exposição «Arte e Cultura do Império russo nas Colecções do Hermitage - de Pedro, o Grande a Nicolau II».

«Separados pela distância que a geografia impõe, delimitando os confins de um continente que partilham, os nossos países mantêm contactos de muitos séculos», disse Cavaco Silva, no discurso feito antes do banquete que ofereceu ao presidente russo, Vladimir Putin, no Palácio Nacional da Ajuda, onde estará presente a mostra do Museu Hermitage fora da Rússia.

O chefe de Estado Português recordou que os dois países têm relações diplomáticas desde 1779, sem que tenha havido «conflitos sérios, ou desavenças de monta».

Putin corroborou o presidente português. «Realmente, a história [dos dois países] tem vários séculos e essas relações assentaram sempre na base da amizade, confiança e respeito mútuo».

Desde «valores próximos» à partilha do «mesmo santo protector» de Lisboa e Moscovo, o presidente russo não quis de frisar os que os dois países «têm de comum». «Não há divergências, não há problemas para resolver».

«Gostava que estas características fossem no futuro a base das relações entre a Rússia e Portugal», apontou.

Na ilustração de pontos de contactos entre a duas culturas, Cavaco Silva recordou o primeiro cônsul português em São Petersburgo, José Pedro Celestino Velho, «que o Czar Paulo I faria um dia Barão, empreendedor e curioso de tudo, exemplo do que o português pode ter de melhor».

Recuou ainda ao tempo de Catarina II, para lembrar que o «iluminista Ribeiro Sanches foi médico» da imperatriz, tenso sido distinguido pela Academia das Ciências de São Petersburgo.

O Tratado de Amizade e Cooperação entre a Rússia e Portugal, assinado em 1994, também foi recordado por Cavaco e Putin. «É um fundamento sólido das nossas relações», apontou o presidente russo. «Tem consolidado a nossa relação recente», disse o português.