«Pouco» confidencial e sem «conspiração» - TVI

«Pouco» confidencial e sem «conspiração»

Ex-assessor de Sampaio, João Gabriel, relata 10 anos da presidência

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Apesar do Título «Confidencial - A década de Sampaio em Belém» «o que está lá dentro» não são factos confidenciais «mas eventos e factos úteis» para melhor perceber a história política recente de Portugal, explicou esta quinta-feira, Pacheco Pereira responsável pelo prefácio do livro do ex-assessor de Jorge Sampaio, João Gabriel.

O autor fez também questão de esclarecer os presentes na apresentação da sua obra, esta quinta-feira na reitoria da Universidade de Lisboa, onde Jorge Sampaio anunciou a sua primeira candidatura a Presidente da República, que o seu livro não confirma nenhuma «conspiração». «Não posso confirmar uma ficção. Há pessoas que têm tendência para a ficcionar e que começam a acreditar na ficção que montaram», afirmou.

No final do evento acrescentou, em declarações aos jornalistas, que o próprio Santana Lopes fala «em teoria da conspiração pouco tempo antes da sua demissão» relembra. «E os factos relatados no livro prendem-se com acontecimentos anteriores à sua posse como primeiro-ministro». Ou seja, «foi tão só isso. Não houve rigorosamente mais nada, apenas a prudência e a reserva de quem é responsável pela estabilidade política do país», concluiu.

Pacheco Pereira «o improvável»

Como autor do prefácio da obra Pacheco Pereira fez questão de justificar a sua ligação «cúmplice e directa» ao livro «apesar de nunca ter apoiado Sampaio» nas corridas à presidência. «Nunca tive com nenhum presidente uma relação tão "lisa" e "honesta" como a que tive» com Jorge Sampaio, justificou.

O comentador espera que o livro seja lido «por pessoas curiosas em relação à política, pessoas comuns» e reforça a ideia de que «felizmente» há poucos factos «confidenciais» expostos na obra, «pela obrigação de reserva» de quem está «no centro do poder político».

Para Pacheco Pereira o documento é uma espécie de «retrato da profissão de assessor, que não existia há 20/30 anos, mas agora assume um papel central». E cuja função principal é conter o «ruído» e passar mensagens ou acções de forma a serem «entendidas no seu verdadeiro sentido». Mas a obra vai mais longe e representa um testemunho da presidência de Jorge Sampaio.

Duas décadas que, sem dúvida, ficarão «na história pela crise política que teve de gerir». Para o comentador a «história é cruel» e, para já, o trabalho desenvolvido pelo ex-presidente resume-se a «dois momentos no final do seu segundo mandato: quando aceita dar posse a Santana Lopes e quando decide demiti-lo».

Não pedi autorização para escrever o livro

Apesar de ser o actor principal da obra, Jorge Sampaio não esteve presente no lançamento do livro e «ainda bem» reconheceu João Gabriel aos jornalistas em tom de desabafo. «Convidei-o pessoalmente, mas ele está algures na Turquia» e assim «poderá ler o livro sem pressão, sem ter de se pronunciar a quente» sobre o mesmo.

João Gabriel explicou ainda que «deu conhecimento do livro» a Sampaio «mas não pediu autorização. Para ter a liberdade de escrever aquilo que bem entendesse, do que foi o seu mandato e para ele ter a liberdade de concordar, discordar, criticar».
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