Face Oculta: ex-administrador da PT quebra o silêncio - TVI

Face Oculta: ex-administrador da PT quebra o silêncio

Rui Pedro Soares

Em várias entrevistas garante que não recebeu ordens do Governo para a PT comprar a TVI e que não pagou a Figo para apoiar Sócrates

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Rui Pedro Soares, o ex-administrador da PT envolvido nas escutas do processo «Face Oculta», quebra este sábado o silêncio com entrevista a vários jornais. Ao jornal «i», Rui Pedro Soares negou que tenha recebido ordens do Governo no negócio da compara da TVI. «Essa história de que o primeiro-ministro ou qualquer membro do governo me deram ordens, instruções ou recomendações para a PT comprar uma participação na TVI é de anedota».

«Só o ¿Sol¿ e quem acredita no que lê no ¿Sol¿ pode imaginar que o primeiro-ministro me deu essa ordem e que eu, então um vogal da comissão executiva da PT, teria decidido comprar essa participação, ou que teria dado ordem aos meus chefes, o dr. Granadeiro e o Eng. Bava, para a comprarem», adiantou.

«Não acredito que haja alguém suficientemente ingénuo a ponto de não perceber que o que se está a passar relativamente a mim faz parte duma estratégia para atacar o eng. José Sócrates», afirmou ainda.

«Não somos amigos íntimos»

Rui Pedro Soares diz que conhece Sócrates desde 2004, mas adianta: «Não somos amigos íntimos». «Há alturas em que falamos com muita frequência. Olhe, só para exemplo, pode acontecer que durante um jogo de futebol falemos cinco ou seis vezes. Mas há períodos em que passamos meses sem nos falarmos. Não tenho acesso político ao primeiro-ministro e não faço parte de nenhum círculo político do eng. José Sócrates, se é que esse círculo existe», adianta.

Ao «Expresso», diz que «não se arrepende de ter apresentado a providência cautelar» contra o jornal Sol, que ia publicar escutas em que era um dos intervenientes. E adianta ao «i» que vai processar o «Sol» por ter publicado as escutas.

O negócio com Figo

Rui Pedro Soares disse ainda que conhece Figo há vários anos mas que nunca lhe pediu para apoiar José Sócrates e afasta-se das declarações de Paulo Penedos sobre o contrato de Figo, dizendo que Penedos não conhece o jogador de lado nenhum.

«O plano estratégico da Taguspark apontava para a internacionalização e decidiu avançar-se com uma campanha de promoção nos Estados Unidos e no Japão, em que pudéssemos dar uma imagem do país e da empresa. Precisávamos de rostos para a campanha e pensamos em três: Luís Figo, Mourinho e Cristiano Ronaldo. Decidimos avançar com Figo e Mourinho, mas este acabou por desistir já depois de assinado o contrato e ter recebido o primeiro pagamento, alegando razões pessoais e devolvendo o cheque», contou ao «Público».

Diz ainda que o contrato de Figo foi assinado no final de Junho, por três anos, com o valor anual de 250 mil euros, «muito abaixo da sua tabela», e incluía o vídeo, presenças em eventos promocionais e um roadshow anual num daqueles países. Pela mesma altura, mas à margem deste negócio, a Taguspark contratou a instalação de uma empresa de Figo, a Football Dream Factory (FDF), com vista à instalação da sua base de dados nos servidores da PT neste parque.

Segundo Rui Soares, este negócio só se concretizou por influência sua, uma vez que a FDF tinha uma proposta de um outro parque tecnológico, o Madan Parque (Almada). «Era importante para o Taguspark atrair um projecto com visibilidade mundial, com o Figo a protagonizar», justifica, acrescentando que não conhece os pormenores dos contratos por não ser administrador executivo.

Sobre a relação entre estes negócios e o apoio que o ex-futebolista deu depois à campanha do PS, Rui Pedro Soares afirma nada saber, mas considera «um absurdo» pensar que seria uma contrapartida: «Figo não precisa disto, tem um património vastíssimo», alega, dando a entender que não seria por dinheiro que o ex-jogador iria correr o risco de dar a cara por um candidato político. E lembra ser conhecida a sua proximidade ao PS: «Já apoiou a candidatura de Jorge Sampaio».

Sobre as escutas evitou dar muitos detalhes por não querer quebrar o segredo de justiça. «Não vou ser cúmplice dessa rapaziada que foge às ordens da justiça».
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