Uma campanha de um homem só - TVI

Uma campanha de um homem só

Sócrates em campanha

Primeiras impressões de José Sócrates numa campanha ainda sem figuras partidárias de peso nem conselho de ministros (análise)

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Se a campanha destas legislativas fosse uma prova de ciclismo, José Sócrates seria um chefe de fila na frente do pelotão, longe do resto da equipa. O secretário-geral rosa grita «PS» nos comícios, fala das políticas socialistas, sublinha o trabalho feito pelo Governo que dirigiu nos últimos anos como um estudante em vigília de estudo em vésperas de um exame final. Mas José Sócrates é o partido de José Sócrates.

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O líder que já disse que não reconduziria os actuais ministros, se vencer as eleições, e que já disse que não foi isso que disse, é mais popular do que o partido que dirige e o seu partido é menos visado do que ele nas críticas da oposição. A campanha do homem que quis marcar simbolicamente o início da caminhada eleitoral numa aldeia de 700 habitantes tem andado sem as caras do seu Executivo. Pelo menos aquelas dos ministros nos dois primeiros dias de campanha - espera-se pela ministra Ana Jorge e pelo histórico Manuel Alegre, no sábado, em Coimbra.

«Independência económica só significa isolamento económico»

Em Portalegre, Évora e Beja, os sítios por onde passou estiveram sempre cheios. Quase toda a gente diz aos jornalistas que está ali para ver o actual primeiro-ministro. Há uma curiosidade, aparentemente, genuína na sua procura, mas transparece mais uma busca da aura mediática do que um pulsar de convicções políticas.

«Showcrates»

José Sócrates é de presenças breves, mas não causa indiferença. A sua agenda equilibra-se entre os atrasos e as partidas rápidas, num clímax quase reptiliano, afinado como um instrumento de cordas, que necessita da tensão precisa para manter a afinação.

Sócrates, quando discursa, não se estende. Argumenta, repete, insiste. Mas parece ter encontrado os mantras certos para manter cheios os pavilhões, sob temperaturas insuportáveis, que poriam a suar em bica um maratonista. Sócrates ainda não vestiu os calções esta campanha, pelo menos à vista das câmaras. Mas aparece e desaparece à frente delas sempre a correr quando entra e sai do carro.

No debate com Ferreira Leite deixou cair a carga. Mudar-se-ão provavelmente algumas pastas e os donos delas num próximo Governo socialista. Sócrates primeiro-ministro aguentou a mochila do aparelho até ao final. Sócrates o candidato libertou-se do peso dele. Numa primeira impressão, sem figuras de peso e sem conselho de ministros, esta é uma campanha de um homem só.
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