Submarinos: BE diz que negócio foi «uma manigância» - TVI

Submarinos: BE diz que negócio foi «uma manigância»

Submarino Tridente (José Sena Goulão/Lusa)

Partido considera compra desadequada face à crise que o país atravessa

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Uma réplica do submarino Tridente «circulou» esta tarde no Chiado, uma acção do Bloco de Esquerda para criticar um negócio que considera desadequado, face à crise que o país atravessa, e «uma manigância» do antigo governo PSD/CDS.

Feito de espuma, a imitação do Tridente percorreu as ruas da Baixa lisboeta, entre o Rossio e o Chiado, enquanto através de um microfone surgia o convite: «Venham conhecer o submarino que o Governo acaba de comprar com os nossos impostos. Foi uma pechincha, só custou mil milhões de euros», dizia um elemento do Bloco de Esquerda, atraindo a curiosidade dos transeuntes, muitos dos quais turistas, que aproveitavam para tirar fotografias.

A acção do BE ocorreu no mesmo dia em que o Estado português recebeu oficialmente o Tridente ¿ o primeiro de dois submarinos comprados à empresa alemã Ferrostaal ¿, numa cerimónia no Alfeite, com a presença do ministro da Defesa, do secretário de Estado do sector e do chefe do Estado Maior da Armada (CEMA).

A compra dos dois equipamentos é, para os bloquistas, «uma opção errada, sobretudo no actual momento que vive a sociedade portuguesa».



«Esta aquisição dos submarinos vai onerar o Orçamento do Estado com uma quantia extraordinariamente grande, numa altura em que evidentemente as prioridades que deveríamos ter para a sociedade portuguesa só podiam ser outras», disse aos jornalistas o líder parlamentar do Bloco, José Manuel Pureza, considerando que «se alguma vez se justificasse», este negócio «não se justificaria neste momento da vida social e económica» do país.

Por outro lado, a compra dos submarinos está «associada a um dossiê dos mais obscuros» de sempre na vida pública em Portugal, disse Pureza, referindo-se ao «dossiê das contrapartidas para a aquisição de equipamentos militares».

«Trata-se de uma promessa, de um compromisso que foi assumido com o Estado e com os portugueses de injectar no tecido produtivo português vários milhões de euros de iniciativas, de emprego, de produção nacional. A verdade é que toda a gente sabe que esse montante está por cumprir, uma enorme maioria, a troco de coisa nenhuma», referiu.

Já no Chiado, um orador identificado como «ministro dos Assuntos Profundos» procedeu à «inauguração» do submarino, justificando a compra deste equipamento como resultado de uma «escolha importante» e porque a criação de emprego, saúde e educação não são prioridades do país.

O «ministro» deixou um agradecimento «a todos os portugueses que, neste momento difícil de crise, contribuíram com os seus subsídios sociais», mas dirigiu uma palavra especial ao PSD e CDS, «que com grande sentido patriótico iniciaram e abençoaram este negócio».

«Só com a visão do então ministro da Defesa, Paulo Portas, foi possível engendrar um esquema tão proveitoso para os intermediários do grupo Espírito Santo. Esta manigância envolve outros equipamentos militares, cujos contratos de contrapartidas atingem uns meros 2,9 mil milhões de euros e causaram um prejuízozito de 2,3 mil milhões de euros para o Estado», sublinhou.
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