Durante o dia, José Sócrates andou sem gravata. À noite, apareceu com uma vermelha em Braga, depois de ter encaixado na agenda uma ida à festa de aniversário da Sonae, no Porto. Num dia de sinais contraditórios, com manchetes polémicas e insultos, mas também com a maior arruada e o comício com mais gente da campanha, o líder socialista foi a Braga cerrar fileiras junto a um dos seus principais opositores internos, António José Seguro.
Com cerca de duas mil pessoas no pavilhão do ABC, em temperatura de sauna, o líder socialista foi recebido calorosamente. Pelos apoiantes que chegaram em muitos autocarros, mas também por Mesquita Machado, que disse ver apenas nele a única pessoa capaz de ocupar o cargo de primeiro-ministro.
José Sócrates recebeu ainda o apoio das palavras do líder da Juventude Socialista, num distrito marcado pela juventude, com Duarte Cordeiro a dizer que «no dia 28» quer «acordar no século XXI e não no século XX», numa tirada dirigida a Manuela Ferreira Leite.
Mas o momento mais marcante da noite cristalizou nas palavras do cabeça-de-lista do PS no distrito, António José Seguro, que se colocou ao lado do líder nacional do partido, limando divergências: «[Agradeço] a ti, meu caro José Sócrates, por acreditares que a união é um valor em politica, que a divergência soma, e por me teres de novo convidado para encabeçar a lista do PS no distrito de Braga».
Vénia feita, José Sócrates retribuiria a mão estendida, pouco depois: «O Tozé Seguro é um dos quadros políticos mais destacados do PS e, neste Partido Socialista, todos têm o seu espaço em função do seu mérito e ele é o cabeça-de-lista porque tem mérito».
E, tal como todos os outros cabeças de lista, António José Seguro poupou ao líder - que não quer entrar em no território de «maledicência» - o trabalho da crítica a Ferreira Leite. «Há muitas diferenças entre ti e os nossos principais adversários, mas essa atitude faz também a diferença de como se quer governar Portugal», disse, fazendo depois uma referência à exclusão de Pedro Passos Coelho das listas sociais-democratas por parte da presidente do partido.
«Quem exclui e quem é sectário e não sabe conviver com a divergência e com opiniões diferentes, e exclui militantes capazes no PSD, bem se vê que, se algum dia chegasse ao poder, o que faria em Portugal e o que faria a quem tem uma opinião diferente», apontou Seguro.
Sócrates em Braga de mão dada com Seguro
- Hugo Beleza
- 18 set 2009, 23:44
Líder do PS e um dos seus principais opositores colocam divergências de lado contra Ferreira Leite
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