Conversa entre ministros: nova nota editorial - TVI

Conversa entre ministros: nova nota editorial

Equipa de reportagem da TVI foi impedida de aceder à sala onde decorreu o Eurogrupo

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A TVI divulgou uma nova nota editorial sobre a divulgação da conversa entre os ministros das Finanças português e alemão. A posição foi revelada por José Alberto Carvalho no Jornal das 8.

Antes, a TVI já tinha explicado em que circunstâncias foram recolhidas as imagens entre os dois ministros.

"A equipa de reportagem da TVI foi hoje impedida de aceder à sala onde decorreu o Eurogrupo.

Segundo os serviços de imprensa do Conselho Europeu, tratou-se de uma decisão «preventiva», pelo facto de a TVI ter divulgado a conversa entre os ministros das Finanças de Portugal e da Alemanha no passado dia 10.

Durante a semana os mesmos serviços irão comunicar à TVI qual é a sanção definitiva: se ficamos por esta suspensão; ou se a mesma suspensão se prolonga por mais tempo.

Os serviços de imprensa entendem que a TVI quebrou uma das regras de funcionamento, em vigor há vinte anos, para os chamados «tour de table», que determina que o único som captado seja o som ambiente e que, caso seja registada alguma conversa, ela seja ignorada.

Os mesmos serviços de imprensa acrescentam que há muitas oportunidades para falar com os ministros: nas conferências de imprensa, em encontros informais pelos corredores, etc.

A TVI argumenta duas questões essencialmente:

Em primeiro lugar, se os jornalistas podem chegar à fala com os líderes políticos noutras circunstâncias é igualmente verdade que os líderes políticos podem ter as conversas que entenderem noutras circunstâncias: em reuniões bilaterais, à porta fechada, ao telefone, etc. Se o que têm para dizer deve ser mantido restrito, então as circunstâncias em que o fazem devem ser restritas.

Em segundo lugar, e este é o nosso principal argumento: a TVI teve acesso àquela conversa no desenrolar da sua atividade normal e legítima; não fizemos nada para escutar aquela conversa; mas a partir do momento em que os dois ministros a têm à nossa frente e em que temos conhecimento dela, não a podemos ignorar. Se a opção é escolher entre cumprir as regras do chamado «tour de table» ou seguir as regras deontológicas da profissão, nós não temos nenhuma dúvida em aplicar os preceitos fundamentais do jornalismo.

Ignorar aquela conversa seria, isso sim, mentir à opinião pública e privar os espetadores de uma informação que consideramos relevante.

De resto, relembro aqui, no dia seguinte à divulgação das imagens, as taxas de juro da dívida portuguesa sofreram a sua maior queda desde o início da crise.

Os especialistas dizem que foi uma reação à conversa entre Vítor Gaspar e Wolfgang Schauble, porque os mercados perceberam de facto que a Alemanha olha de forma diferente para Portugal e que não há comparações com a Grécia.

Última nota: na mesma reunião do Eurogrupo no dia 10 de fevereiro, jornalistas espanhóis captaram e divulgaram comentários entre o ministro espanhol da Economia e o comissário Olli Rehn e não houve nenhum procedimento especial.

Ainda na mesma reunião, jornalistas austríacos gravaram e divulgaram um comentário do ministro austríaco das Finanças e não houve nenhum procedimento especial.

A TVI contesta mas admite que possam ser revistas as regras; mas só se elas forem iguais para todas as estações envolvidas em circunstâncias semelhantes.

Porque caso isso não aconteça poderemos ficar com a ideia de que a única diferença entre estes três episódios é que este que nós noticiámos envolve o ministro das Finanças da Alemanha e que isso pode fazer toda a diferença."
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