História não perdoará a quem «abandonar o barco» - TVI

História não perdoará a quem «abandonar o barco»

Aviso deixado pelo PSD no Parlamento

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O PSD advertiu que a História não perdoará a quem «abandonar o barco» neste momento do país, enquanto o PS apontou «divisões» no interior do Governo, salientando que não contribuirá para qualquer crise política.

Estas posições foram protagonizadas pelo deputado social-democrata Paulo Mota Pinto e pelo vice-presidente da bancada socialista Mota Andrade no período de declarações políticas do plenário da Assembleia da República.

Num discurso muito aplaudido pela bancada do PSD e pelo deputado do CDS Ribeiro e Castro (apenas ele), Paulo Mota Pinto referiu que as medidas de austeridade anunciadas pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu que o Governo sabe ouvir críticas e protestos e que as medidas de austeridade anunciadas pelo primeiro-ministro podem ser «ajustadas», mas sempre tendo como quadro de referência «o respeito pelos compromissos com o Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia».

«Homem de Estado não é quem persiste em dizer não aos consensos que o país precisa e também não é homem de Estado quem quer dizer sim e não ao mesmo tempo. É homem de Estado quem, sem renunciar a decidir e a fazer o que é indispensável, sabe encontrar o equilíbrio e conciliar os compromissos indispensáveis com as possibilidades de cumprimento», advogou o ex-vice-presidente do PSD durante a liderança de Manuela Ferreira Leite, numa intervenção em que deixou um aviso e um apelo diretos ao PS.

«A meio da travessia, a História não perdoará quem, depois de deixar Portugal num Estado de necessidade, quer abandonar o barco, desbaratar o enorme esforço dos portugueses para superar as dificuldades», disse, antes de se socorrer de factos da História de Portugal da passada década de 80 para fazer um apelo aos socialistas.

«Em períodos mais recuados, quando foi necessário salvar o país com recurso à ajuda externa, o PSD não hesitou em juntar-se ao PS num projeto de salvação nacional [Governo do Bloco Central liderado por Mário Soares]. O PS é com o PSD um dos dois partidos sempre indispensáveis para assegurar o Governo de Portugal. No presente momento tem de saber estar à altura da situação», vincou.

No discurso seguinte, Mota Andrade considerou que o atual Governo de coligação PSD/CDS «caiu num absoluto estado de negação», encontrando-se «dividido, sem ambição, sem respostas para o país, sem uma política económica, sem qualquer política europeia e, mais grave, rompeu com a concertação social, com o compromisso político e com os portugueses».

«No momento tão difícil que o país atravessa não queremos, não desejamos, nem contribuiremos para qualquer crise política. Mas estamos conscientes de que este é um Governo isolado e que protagoniza um caminho que os portugueses rejeitam», afirmou o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Mota Andrade defendeu depois haver «toda a necessidade e urgência de o Governo arrepiar caminho», afastando-se da atual linha caraterizada pela «irresponsabilidade».

«Esta fase de irresponsabilidade teve, aliás, um ponto alto, lamentável e patético, com a declaração do primeiro-ministro, na festa do Pontal [do PSD], de que tudo estava a correr bem e que em 2013 Portugal voltaria ao crescimento económico», apontou o deputado socialista eleito pelo círculo de Bragança.

Na resposta, o deputado do CDS Telmo Correia saudou Mota Andrade pela sua garantia «de que o PS não quer uma crise política em Portugal».

«Mas o PS não pode dizer num dia que cumpre o acordado no memorando da troika e no outro dia dizer que de um lado está o PS e do outro o Governo e a troika. Como pode o PS dizer que vota contra o Orçamento do Estado para 2013 mesmo antes de ele ser conhecido? Assim, por esse caminho, o PS quer contar para quê?», interrogou-se Telmo Correia.

Mota Andrade respondeu: «A haver crise política, que o PS não deseja, os responsáveis estão nessas duas bancadas [PSD e CDS]».
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