«Irresponsável é darmos mandato para destruir país» - TVI

«Irresponsável é darmos mandato para destruir país»

Francisco Louçã tece fortes críticas a José Sócrates, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas no almoço que marca o arranque oficial da campanha eleitoral do Bloco de Esquerda

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A sala Tejo estava morna. Já se servia a sopa, ainda com muitas mesas vazias, quando Ana Drago subiu ao palanque para discursar. O sorver das colheradas foi interrompido apenas por assobios e apupos quando a deputada do Bloco de Esquerda (BE) proferia o nome de José Sócrates e de Pedro Passos Coelho.

Ana Drago esforçou-se por aquecer uma plateia morna como a comida: «não aceitaremos que a democracia portuguesa esteja refém de uma política que conduz à catástrofe e ao aumento da pobreza. (...) Não deixaremos de lutar por 700 mil desempregados e por um milhão de precários». A plateia levantou-se e sacudiu bandeiras coloridas com o símbolo do Bloco.

Ana Drago recordou aquilo a que chamou «calotes» de José Sócrates: os 150 mil empregos prometidos há seis anos e o compromisso de não se mexer no IVA.

«Precários de todo o país uni-vos»

A sopa já tinha sido comida e o estômago estava mais aconchegado, quando, cerca de 15 minutos depois, Luis Fazenda tomou a palavra. Por isso, talvez, os aplausos foram mais entusiásticos quando defendeu uma alteração de «política europeia e uma alteração da política do euro».

Luís Fazenda apelou à unidade e esclareceu: «para nós, unidade não é uma soma, é uma multiplicação». «Precários de todo o país, uni-vos! Vamos deixar de estar à rasca!», exortou, arrancando prolongados aplausos.

«Proteger os agiotas é destruir o trabalho»

O coordenador do BE foi o último a falar e fê-lo para criticar a interferência da troika na governabilidade do país e a outra troika ¿ aquela que é composta pelo PS, pelo PSD e pelo CDS. «A troika PS, PSD e CDS só pensam em si próprios. Não pensam no país. Não pensam nos problemas e não pensam nas soluções», disse.

Louçã considerou que seria uma «aventura irresponsável dar um mandato a Sócrates, Passos Coelho e a Portas para destruir o país» e criticou fortemente o pedido de ajuda externa: «proteger agiotas é destruir o trabalho. Proteger agiotas é destruir a vida dos pensionistas. Proteger os agiotas é destruir a vida dos trabalhadores precários».

Francisco Louçã defendeu que «só um Governo de esquerda trará impostos justos e só um Governo de esquerda enfrentará a troika». «Daqui a cinco dias, temos de decidir se queremos um Governo de esquerda ou se não queremos governo nenhum, porque do outro lado estará uma coligação com a troika», sublinhou.

O coordenador do BE prometeu «um nome» que acompanhará a campanha do partido nas próximas semanas - Justiça. «Nós somos justiça e vamos a combate pela justiça», disse.

Perante referências à «esquerda toda», que Louçã não esclareceu muito bem no discurso, a sala Tejo do Pavilhão Atlântico irrompeu num ruidoso aplauso e entoou o lema «é esquerda, é Bloco, é Bloco de Esquerda».

E assim, entre sopas e críticas à troika, arranca a campanha oficial do Bloco de Esquerda.
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