Louçã: resultados na Grécia são aviso à Europa - TVI

Louçã: resultados na Grécia são aviso à Europa

Líder do Bloco de Esquerda diz que são também um «claro sinal» para os socialistas e para Portugal

O Bloco de Esquerda destacou, esta segunda-feira, que os partidos gregos comprometidos com a troika da ajuda externa não tiveram metade dos votos nas legislativas de domingo, considerando tratar-se de um aviso à Europa e a Portugal, sobretudo ao PS.

«Os resultados das eleições gregas são conclusivos. Os dois partidos que têm um compromisso profundo com a continuidade da política da troika obtiveram 40% dos votos e não representam a maioria do eleitorado grego», afirmou, esta segunda-feira, o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, numa conferência de imprensa em Lisboa.

Para Louçã, a Grécia «fez por isso uma fortíssima censura» à «degradação da economia», à «desagregação do Estado», ao «desequilíbrio financeiro», à «política da bancarrota que tem vindo a ser imposta» por Bruxelas e pela Alemanha.

Por outro lado, considerou, as eleições gregas demonstram que «perante as dificuldades a democracia é a voz que permite um levantamento de opiniões, uma contestação forte e a busca de alternativas». «É um princípio, mas um princípio, um começo de um sinal de esperança para a Europa», sublinhou.

Mas para o BE, os resultados das eleições na Grécia são também um «fortíssimo sinal» para a esquerda e para Portugal. Louçã sublinhou em concreto «a destruição, por um suicido metódico, dos socialistas que na Grécia apoiaram a troika¿ promoveram uma austeridade agressiva contra as pessoas, destruíram a economia e facilitaram a falência do país».

O PASOK, o partido dos socialistas gregos, «era partido de maioria absoluta» e agora «pouco ultrapassa os 12%», destacou. E é por isso que «António José Seguro devia olhar para Evangelos Venizelos [líder do PASOK] e perceber que continuar a apoiar a política da troika é destruir o país, e levar o país à falência», afirmou, lamentando que «um partido que se diz de esquerda» apoie «a facilitação dos despedimentos», «aumento de impostos» ou a «retirada de apoios à escola pública e ao Serviço Nacional de Saúde».

PSD: resultado permite à Europa «respirar de alívio»

Já o vice-presidente da bancada social-democrata considerou que o resultado das eleições na Grécia permite à Europa respirar de alívio e defendeu que foi feita uma opção política de manutenção no euro. «Parece-me que é um resultado que faz com que a Europa possa respirar um pouco de alívio» e que permite «pensar de novo que é possível dar confiança aos mercados, na certeza de que vai ser encontrada uma solução de governo estável», disse à Lusa António Rodrigues.

«A Nova Democracia conjuntamente com o Pasok têm capacidade suficiente para poder ter uma maioria parlamentar estável numa solução governativa», admitiu o representante do PSD, sublinhando que a forma como será feita a necessária coligação é uma questão interna da Grécia.

«Julgo que o importante é ter uma solução que, por um lado, tenha apoio parlamentar, por outro, garanta novamente a estabilidade política naquele país, mas, acima de tudo, que [permita à Grécia] ter força política para poder voltar a negociar com os líderes europeus e com a troika», referiu.

CDS-PP: vitória da Nova Democracia pode ser positiva

O porta-voz do CDS-PP, João Almeida, considerou que a vitória da Nova Democracia nas eleições legislativas gregas «pode ser positivo» para o futuro daquele país, da Europa e para Portugal. «Consideramos que o resultado que sai destas eleições pode ser positivo para o futuro da Grécia, para o futuro da Europa e necessariamente positivo também para Portugal», defendeu.

Para o CDS-PP, «foi importante que tivesse ganho um partido pró-europeu», já que, sustentou João Almeida, «se assim não fosse, havia instabilidade acrescida na Europa e isso também não seria bom para Portugal».

«A Grécia está há praticamente seis meses numa situação de grande instabilidade política e se não fosse possível sair destas eleições um governo estável isso seria pior para os gregos, agravaria a situação grega e não seria bom para Portugal», disse.
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