Ministro Rui Machete visita Irão e leva 12 empresas  - TVI

Ministro Rui Machete visita Irão e leva 12 empresas

Rui Machete (Lusa)

Saldo entre exportações e importações relacionadas com o Irão é negativo para Portugal. Visita oficial pretende fomentar negócios entre os dois países, para além de outros objetivos

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros vai encontrar-se com o Presidente do Irão, naquele país, na segunda-feira, assinalando o regresso de Portugal ao país do Médio Oriente, onde a última visita oficial aconteceu em 1977. Acompanharão Rui Machete 12 empresas nacional, para fomentar os negócios entre os dois países. 

Portugal quer aumentar as exportações para o Irão e, por isso, Rui Machete convidou o administrador da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Pedro Pessoa e Costa, o presidente do Iran-Portugal Business Council, Nader Haghighi, e representantes de dois escritórios de advogados para o acompanharem.

As 12 empresas que integram a comitiva estão envolvidas em diferentes setores: aviação, moldes de plástico, indústria do aço, construções, arquitetura e restauro, design de móveis e interiores, produção agrícola e alimentar (fruta e aves), energia (painéis fotovoltaicos, eficiência energética), tecnologia informática e turismo.

Segundo informação disponibilizada na página da AICEP, o saldo entre exportações e importações relacionadas com o Irão é negativo para Portugal.

Da última vez que as autoridades portuguesas visitaram o Irão ainda a revolução não tinha transformado o país numa república islâmica, mas, agora, há outra data a justificar a viagem: cinco séculos de relações políticas e culturais entre os dois Estados.

Programa da visita oficial

O convite partiu do chefe da diplomacia iraniana, Javan Zarif, que se reuniu com Rui Machete em 2013, durante a Assembleia-geral das Nações Unidas, em Nova Iorque. Os dois ministros vão voltar a encontrar-se na segunda-feira, em Teerão.

A visita, que terá início já no domingo, será «uma oportunidade para abordar» o posicionamento global do regime de Teerão, sob a liderança do Presidente Hassan Rohani. «Nesta fase em que o Irão retoma os seus contactos com a comunidade internacional, Portugal considera importante que aquele país contribua para a resolução dos conflitos na região», disse à Lusa fonte do gabinete de Rui Machete.

Em dois dias, o ministro português vai visitar duas cidades iranianas. O domingo será passado em Esfahan, cidade no Centro do país onde Rui Machete vai encontrar-se com o governador local e participar num seminário económico, com a comitiva empresarial portuguesa.

Desde que Hassan Rohani foi eleito, o Irão tem mostrado uma maior abertura nos contactos internacionais, nomeadamente no que respeita ao adiado acordo definitivo sobre o nuclear, cujas negociações foram prolongadas até ao verão de 2015. Teerão tem também desempenhado um papel ativo na busca de uma solução negociada que ponha fim ao conflito na Síria.

A república islâmica, de maioria muçulmana xiita, tem como líder o ayatollah Ali Khamenei, que apelou recentemente aos jovens ocidentais para que estudem a religião muçulmana, de forma a contrariar «a vaga de preconceitos e as campanhas de desinformação», na sequência dos ataques terroristas levados a cabo por fundamentalistas islâmicos em França.

Uma visita também cultural

A visita de Rui Machete também surge a propósito das comemorações de cinco séculos de relações entre os dois países. O ministro da Cultura e Orientação Islâmica iraniano, Ali Janati, visitou Portugal no ano passado, quando foi editado o livro «Olha da Grande Pérsia o Império Nobre – Relações entre Portugal e a Pérsia na Idade Moderna (1507-1750)».

A edição da obra em língua persa será lançada na segunda-feira, na capital iraniano, na presença dos ministro português e iraniano, e do autor, João Teles da Cunha, que integra a comitiva portuguesa.

Na segunda-feira, o ministro dará uma palestra na Universidade de Teerão, sobre os “500 anos de Relações Políticas e Culturais Portugal-Pérsia”, momento que, segundo a mesma fonte oficial, «será também uma oportunidade» para contactos e cooperação académica entre universidades dos dois países, já que o vice-reitor da Universidade de Lisboa, Rogério Gaspar, seguirá na comitiva oficial.

As universidades têm sido o berço de muitos dos movimentos de contestação política no Irão, o que levou o Presidente Rohani a prometer mais liberdade aos estudantes, na última abertura do ano escolar.
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