Rui Rio foi à rua ver o lixo

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, percorreu hoje algumas zonas da cidade para avaliar a eficácia da limpeza urbana, admitindo alargar a privatização dos serviços caso os trabalhadores não cumpram as suas obrigações profissionais.

«Uma pessoa não pode receber o salário e depois não cumprir com o que está obrigado», afirmou Rui Rio, frisando que «ou as pessoas cumprem profissionalmente ou a alternativa será concessionar (a recolha de lixo) a privados».

Rui Rio falava aos jornalistas no final de uma visita surpresa a algumas zonas da cidade onde, nos últimos dias, têm surgido problemas com a recolha de lixo.

«Os serviços falharam em alguns pontos da cidade, apesar de terem todos os meios para limpar a cidade em condições», frisou o autarca, no Bairro de Ramalde, revelando que pouco antes da sua chegada o lixo ainda não tinha sido recolhido daquele local.

«Tenho a informação de que há meia hora este sítio estava completamente sujo. Provavelmente, sabendo que vinha, preocuparam-se a limpar na última meia hora», afirmou.

A visita, acompanhada por um grupo de jornalistas convidados pela autarquia, começou na zona da Ribeira, que estava aparentemente limpa, apesar de Rio não estar particularmente satisfeito com a situação no túnel existente naquela zona da cidade.

A responsável pela Divisão de Limpeza Urbana, que também acompanhou o autarca, explicou, depois, que o problema era o produto utilizado, que não seria o mais adequado.

Mais tarde, no Bairro do Viso, o presidente da Câmara do Porto também se certificou da recolha do lixo, sendo visíveis os contentores vazios e limpos.

O maior problema acabou por surgir no Bairro de Ramalde, onde Rio foi confrontado com críticas de alguns moradores, que se queixavam nas deficiências na limpeza do local.

«Ainda há pouco encontrei um saco com sardinhas do S. João (festa da cidade que se celebra a 24 de Junho)», revelou uma moradora, enquanto outra se queixava de que «ontem (terça-feira) ninguém veio recolher o lixo».

«Eu não posso vir fiscalizar todos os dias, até porque não é a minha função, cada um tem a sua função e tem que a cumprir», salientou o autarca, frisando que a acumulação de lixo das ruas é particularmente grave nesta altura em que há muitos turistas na cidade.

Nesse sentido, considerou que «o prejuízo que os funcionários que não cumpriram as suas obrigações causaram à imagem da cidade é incalculável».

Por essa razão, Rui Rio avisou que «se os serviços municipais responderem e limparem a cidade, apenas 50 por cento da recolha de lixo será privatizada, mas, se a cidade continuar suja, será aberto concurso para concessionar mais 30 a 40 por cento, porque 10 ou 15 por cento devem sempre ficar ao cuidado da câmara para que tenha uma brigada que permita responder em algumas circunstancias».

O presidente da Câmara do Porto frisou, no entanto, que «a esmagadora maioria dos funcionários dos serviços cumpre a sua obrigação», admitindo que os que não cumprem o fazem por negligência profissional ou com objectivos políticos.

«Não sei, nem me interessa, quais são os motivos, pois para mim o importante é que a cidade esteja toda limpa», frisou.

No final da visita, Rui Rio foi questionado pelos jornalistas sobre os problemas de insegurança nos estabelecimentos de diversão nocturna, mas escusou-se a fazer qualquer comentário.

Na sua perspectiva, qualquer comentário nesta altura não seria benéfico para a cidade, escusando-se a alimentar especulações sobre o assunto.

De qualquer forma, Rio admitiu que deverá pronunciar-se sobre esta questão nos próximos dias.