Juros: problema é financiar 2011 e grandes empresas nacionais - TVI

Juros: problema é financiar 2011 e grandes empresas nacionais

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Juros da dívida pública portuguesa a 10 anos já renovaram máximos esta manhã, nos 6,976%

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Os juros da dívida não param de renovar máximos. Já esta manhã, os juros da dívida pública portuguesa a 10 anos bateram um novo máximo: 6,976%.



Os juros estão praticamente a subir desde o dia 28 de Setembro, precisamente um dia antes da apresentação do novo pacote de austeridade por parte do Governo. Na verdade, nem o interesse da China em comprar a nossa dívida pública está a fazer acalmar os mercados. «Não sabemos qual o verdadeiro alcance prático do interesse chinês», diz o economista da Informação de Mercados Financeiros (IMF), Filipe Garcia, à Agência Financeira.



«No que diz respeito a Portugal, o problema é apercebido como de longo prazo: teremos passado o tipping point em termos de dimensão da dívida? E dada a capacidade de o Estado gerar receitas, as responsabilidades assumidas parecem incomportáveis, traduzindo-se num défice estrutural e quiçá crescente», acrescenta o mesmo economista, referindo ainda que «há um contágio por parte da Irlanda», e por isso, «o que está a acontecer tem a ver com Portugal, mas não só».



FMI pode estar a caminho?



Quando questionado se o FMI pode estar a caminho, Filipe Garcia é peremptório: «Não na forma como se passou na década de 70 e 80».



«O que pode acontecer é que se Portugal começar a deparar-se com juros muito elevados, pode ter de solicitar um apoio semelhante. É preciso notar que os juros altos em si mesmos agravam o problema orçamental, é uma bola de neve. Mas, notar também que Portugal já emitiu quase toda a dívida que precisa para 2010, pelo que o problema se coloca sobretudo a dois níveis: financiamento para 2011 e financiamento de grandes empresas nacionais, que estão a ser prejudicadas pela deterioração da posição de risco da divida publica portuguesa», salienta.



Falta abordar questões em Portugal



Em Portugal, «falta abrir a caixa de Pandora quanto a alguma questões que inevitavelmente terão que ser abordadas, tais como: aumento da idade da reforma, reforma da legislação laboral, nomeadamente ao nível das horas de trabalho semanais, revisão do estatuto das horas extraordinárias, flexibilidade de contratação, impostos sobre o trabalho; reestruturação das relações do Estado com outras entidades; apoios sociais - âmbito, valor e duração e política assistencialista geral e espectro de intervenção do Estado», conclui o economista da IMF.
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