Entrevista: Leasing «vai ganhar novo fôlego» com grandes obras públicas - TVI

Entrevista: Leasing «vai ganhar novo fôlego» com grandes obras públicas

  • Sónia Peres Pinto
  • 16 set 2008, 06:20
construção

Beja Amaro fala também sobre o crescimento do negócio para a compra de carro

O leasing poderá vir a ter um novo fôlego com o sector das obras públicas quando os novos projectos, como o caso do aeroporto e do TGV avançarem, revela o presidente da ALF, em entrevista à Agência Financeira. A explicação é simples: o parque de máquinas é insuficiente para responder aos investimentos projectados.

Quais são os sectores que estão a investir mais?

Na área das energias renováveis, por exemplo, não há crise. Até pelo contrário, fazem-se grandes investimentos em Portugal.

E o sector da construção e das obras públicas, com projectos como o novo aeroporto ou o TGV?

O novo aeroporto ainda está em projecto até finais do primeiro trimestre de 2009. Só a partir de meados do ano é que se começa a saber que empresas é que vão avançar e quando começam as obras. São obras de uma dimensão que inevitavelmente vão necessitar de equipamento. No entanto, o parque de máquinas em Portugal não é suficiente para responder aos investimentos que estão perspectivados.

E os sectores que estão a investir menos?

Curiosamente não se sentiu uma grande quebra na área de transportes. O nosso parque é relativamente velho e há muita coisa por renovar. Já nas viaturas de passageiros a actividade estagnou, apesar de apresentar crescimentos ligeiramente superiores ao crescimento das vendas. Isto quer dizer que se está a recorrer ligeiramente mais ao leasing. Ou seja, o número de carros financiados este ano pelo leasing é um pouco maior do que foi no passado e maior do que o crescimento do número de carros vendidos.

«Não se justifica adquirir a pronto pagamento

Qual a vantagem do leasing?

É uma forma segura de financiamento mas não se traduz em poupança. Consideramos que é a melhor forma de financiar qualquer equipamento. É um tipo de produto, desde que a operação seja bem construída, em que se consegue fazer ligações entre a vida produtiva do bem e o próprio financiamento. Se um computador se amortiza em 4 anos financiamos a 4 anos, se um carro se amortiza em seis financiamos a 6 anos.

Por exemplo, há indústrias sazonais que só produzem determinada época do ano e só recebem quando vendem. A tesouraria não é constante e, neste caso, as locadoras podem ajustar-se, os locatários pagam menos nos meses em que não recebem e mais nos restantes meses. Isso nem sempre acontece, porque os empresários não são sensíveis nesta matéria.

Os empresários estão mais sensíveis para recorrer a este tipo de financiamento?

Julgo que sim. Os nossos empresários já têm hoje características diferentes do que tinham há 20 anos atrás. Há uma nova cultura empresarial. A verdade é que, em termos de financiamento a longo prazo, hoje em dia não se justifica, mesmo para as empresas com grande capacidade financeira, estarem a adquirir imóveis a pronto pagamento.

O leasing no seu todo financia 19% da formação bruta de capital fixo. Ou seja, 34% dos equipamentos, 15% dos imóveis e 21% dos automóveis novos adquiridos em Portugal são financiados por leasing.

Estimulado pelo corte dos créditos por parte dos bancos¿

Os bancos não estão a fazer empréstimos com o mesmo à vontade que faziam em anos anteriores. As empresas de leasing, de uma maneira ou de outra, passam pelas mesmas vicissitudes existentes nos mercados financeiros nacionais e internacionais. O leasing não está a substituir o crédito tradicional, pode é estar a ser utilizado em algumas situações.

Os bancos sempre tiveram muita atenção nos empréstimos a médio e longo prazo, já o leasing porque tem alguma salvaguarda através da detenção da propriedade, normalmente vai mais longe nos prazos de financiamento, daí não estar a ter um comportamento tão cauteloso do que o resto do sistema financeiro.
Continue a ler esta notícia