Norberto Rosa: «Havia quase dois bancos no BPN»

«Havia quase dois bancos no BPN.» As palavras são do actual administrador Norberto Rosa, para se referir à ligação entre o banco outrora presidido por Oliveira e Costa e o Banco Insular, detido pelo primeiro.

«Havia um que seguia as regras e outro que funcionava em paralelo e que permitia todo este processo, através do Private Banking», disse o responsável na audição que decorre esta terça-feira no Parlamento, em Lisboa.

Norberto Rosa explicou que o BPN era, em 2000 e 2001, alvo de inspecção específica do Banco de Portugal e, para a supervisão, foi um alvo de um «cuidado acrescido».

Segundo o administrador, a instituição «tinha à partida um situação que podia levar a problemas futuros» e que passava pelo crescimento do grupo em que estava inserido, a Sociedade Lusa de Negócios, ao qual não podia ceder mais de 20 por cento dos seus capitais.

É nesta política de crescimento que Norberto Rosa enquadra a criação de quase uma centena de offshores que, na prática, «eram usadas para financiamento de empresas do grupo».

Por isso mesmo, diz Norberto Rosa na audição sobre o BPN, o banco necessitava de «prudência» na sua análise.

Banco Insular: perdas de 160 milhões nos créditos

O administrador lembra ainda que é neste processo que aparece o Banco Insular: «Os depósitos colocados nessas instituições eram transferidos à revelia dos próprios depositantes para financiar o Banco Insular que, por sua vez, financiava empresas do grupo SLN», referiu.

Em matéria de perdas, o Banco Insular terá imparidades de 160 milhões de euros nos créditos.

O banco, quando surgiu, não tinha formalmente nada a ver com o grupo Sociedade Lusa de Negócios. No entanto, o problema acentuou-se quando passou a conceder crédito superior aos rácios de capital.

«Se o Banco Insular falir, quem perde tudo é o BPN», acrescentou.