Procura dispara no arrendamento e Era pede benefícios fiscais

A crise financeira e a restrição dos bancos na concessão de crédito está a levar a um aumento da procura do mercado de arrendamento, que parece estar a conquistar cada vez mais os portugueses, garantem as mediadoras (Century 21, Era e Remax) contactadas pela Agência Financeira (AF).

Para a Era, o Governo deveria dar um novo estímulo a este mercado, principalmente nesta altura de incerteza económica e acusa o «legislador de continuar a discriminar fiscalmente quem arrenda».

«O Governo aumentou a dedução de despesas com a habitação mas só no caso de compra porque o arrendamento não é contemplado, isso significa que o legislador penaliza quem arrenda», revela o porta-voz da mediadora, Jorge Garcia.

Falta produto

A opinião é unânime: falta neste momento imóveis para satisfazer a elevada procura. «Trata-se de uma alternativa paras as pessoas que não conseguem obter financiamento para o tipo de casa que necessitam. Desta forma, optam pela solução de arrendar, o que contribui para estimular o mercado de arrendamento», revela o administrador da Century 21, Ricardo Sousa à AF.

Esta corrida ao arrendamento vai levar, no entender da Remax, a um aumento dos preços. «Os bancos não emprestam e, por outro lado, há famílias que já não querem pedir dinheiro ao banco para evitar complicações», refere o presidente da empresa, Manuel Alvarez, já que, no entender do mesmo, «uma família que não apresente tem um rendimento médio de 1.200 ou 1.300 euros mensais muito dificilmente consegue obter um crédito por parte das instituições financeiras».

Uma posição que não parece convencer a Century 21 que garante «que as rendas estão um pouco acima do preço real de mercado» e acrescenta que «tendo em conta a fragilidade da oferta actual, acreditamos que poderá até haver um reajustamento, se a oferta aumentar».

Apesar deste disparo na procura, a imobiliária liderada por Ricardo Sousa acredita que o mercado de arrendamento irá retomar a normalidade, no entanto, salienta que «a tendência que prevemos para o mercado de arrendamento é sempre de um crescimento positivo mas menos acentuado do que os níveis que se estão a verificar neste momento», conclui.