Portugueses vão a Espanha fazer as compras do mês - TVI

Portugueses vão a Espanha fazer as compras do mês

Portugueses vão a Espanha fazer as compras do mês

Os 5 pontos percentuais de diferença do valor do IVA em Espanha estão a arrasar o comércio nas cidades do lado de cá da fronteira. De Vila Real de Santo António a Valença, comerciantes e associações empresariais garantem viver com «a corda na garganta» para conseguir manter a porta aberta, assumindo margens de lucro nulas.

A juntar aos combustíveis, onde a diferença de preços é há anos favorável ao lado de lá, as populações da raia procuram agora a excelente oferta comercial existente nas renovadas urbes espanholas para adquirir bens alimentares, mobiliário e electrodomésticos, segundo o jornal «Diário de Notícias».

Huelva, Sevilha, Badajoz, Cáceres, Placência, Zamora, Vigo e até Orense e Salamanca recebem aos fins-de-semana milhares de portugueses que ali se abastecem de produtos do quotidiano.

Um cabaz alimentar familiar de 250 euros pode ficar 15 euros mais barato, mas há que lhe juntar a poupança nos combustíveis e, sobretudo, a atractividade que as cidades de lá estão a exercer sobre as populações portuguesas.

Ir passear a Espanha ao fim-de-semana é uma moda, com tudo o que isso significa de consumo que deixa de ser feito em Portugal. Mesmo Vila Real de Santo António, cidade onde a restauração, os têxteis e o bricabraque sempre ganharam a concorrência com Ayamonte, do outro lado do Guadiana, passa por dificuldades.

Luís Camarada, empresário do grupo Coração da Cidade, que engloba três restaurantes, duas cafetarias, uma fábrica de bolos, uma residencial e uma empresa de katering, notou uma quebra de 12% nas suas unidades.

E neste caso, sublinha, nem se pode responsabilizar o IVA, que, na restauração, se manteve nos 12%. Só que «do lado de lá está nos 6%». O embate só não é maior, garante o empresário, «porque a gasolina é mais barata e há tradição de vir comer a Portugal, onde a comida é melhor». Mais optimista, o chefe de gabinete do presidente da câmara diz que Vila Real de Santo António «está cheia de espanhóis» e crê que o comércio está a reagir. «Os preços são mais baixos aqui», garante a mesma fonte ao «Diário de Notícias».

Em toda a linha de fronteira, as grandes superfícies comerciais absorveram o impacto do IVA com campanhas especiais de maior ou menor duração. Foi o caso do Modelo/Continente, que aproveitou a passagem do IVA de 19% para 21% para lançar a promoção dos 0%, fazendo retornar para o consumidor o valor do imposto em talão de compras. Fonte de uma grande superfície de Castelo Branco indica mesmo que nos meses de Verão o volume de vendas aumentou mais de 20%.

A cadeia francesa Os Mosqueteiros preparou o impacto do aumento do IVA com o desconto de centenas de produtos a premiar a «fidelidade». Rosário Matoga, de uma grande superfície de Campo Maior, diz que a empresa se adaptou e tirou proveito da proximidade com as aldeias mais desfavorecidas. As lojas do grupo Nabeiro, na vila alentejana, assumiram o ónus dos 2% de aumento. O gerente Carlos Augusto não notou impacto na facturação.

O gerente do Ecomarché de Vilar Formoso entende que as «pessoas têm de ser inteligentes e comprar os produtos mais baratos que se vendem nos dois lados». E confirma que o seu hiper «progrediu em relação ao ano anterior».
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