BCE corta taxa de juro em 50 pontos para 3,25%

O Banco Central Europeu (BCE) acaba de anunciar um corte de 50 pontos base na taxa de juro de referência para a Zona Euro, dos anteriores 3,75% para 3,25%.

De acordo com as perspectivas dos analistas, esta ainda não deverá ser a última descida do ano, já que em Dezembro deverá haver ainda lugar a uma nova baixa do preço do dinheiro.

Mas as boas notícias não ficam por aqui: os analistas apostam que, no ano que vem, mais cortes se sucederão e que a taxa de referência pode chegar aos 2%.

Também esta quinta-feira, o Banco de Inglaterra (BoE) decidiu cortar a taxa de referência para o Reino Unido, 150 pontos base, para 3%. Foi o maior corte desde 1981, e tenta travar o frote abrandamento da economia, que, ao que tudo indica, deverá entrar em recessão.

Os mercados e os especialistas ficam agora à espera do discurso do presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, na conferência de imprensa que decorre esta tarde.

Economia trava a fundo e inflação baixa

As razões é que não são as melhores. As reduções da taxa de referência são motivadas pelo abrandamento da economia europeia que, segundo as últimas previsões da Comissão, deverá ser acentuado no ano que vem, com algumas das grandes economias a entrarem mesmo em recessão técnica (o que se caracteriza por dois trimestres consecutivos de contracção económica). Segundo Bruxelas, a economia da Zona Euro deverá crescer 1,2% este ano e a da União Europeia 1,4%, mas as taxas deverão encolher para 0,6 e 0,7%, respectivamente, no ano que vem.

As perspectivas de desaceleração da economia deixam também antever o abrandamento da inflação, que se espera que venha a estabilizar em torno dos 2% no final do ano que vem. Este é, recorde-se, o valor que tinha sido apontado como consonante com a estabilidade de preços, que é a principal meta do BCE. Em Outubro, a taxa de inflação da Zona Euro caiu para 3,2%, o nível mais baixo desde Janeiro.

Prestações vão baixar bastante no próximo ano

Estas previsões de redução da taxa de referência são já visíveis nos futuros da Euribor. Os futuros da taxa a três meses deixam antever que, em Dezembro, a mesma estará em torno dos 3,75%. Mas as melhores notícias estão reservadas para a segunda metade do ano que vem, quando se espera que caia para menos de 3%.

O impacto nas prestações dos créditos à habitação será positivo. Milhares de famílias portuguesas podem contar com alívio nos encargos mensais. Nos próximos seis meses, a redução pode baixar 20%, ou seja, num empréstimo de 100 mil euros a 30 anos, pode significar qualquer coisa como 100 euros.

Para já, este corte desta quinta-feira, deverá reflectir-se nas taxas comerciais (Euribor) ao longo do mês, o que pode trazer boas notícias para muitos dos contratos revistos em Dezembro (onde será usada como referência a média de Novembro).