Crédito vencido: bancos fazem mais de um milhão de pedidos de ajuda - TVI

Crédito vencido: bancos fazem mais de um milhão de pedidos de ajuda

Despesas

Maioria dos casos resolve-se com contacto telefónico

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São cada vez mais os pedidos de ajuda dos bancos e outras empresas financeiras às empresas especializadas em recuperarem as dívidas dos clientes, que entretanto deixaram de pagar os empréstimos.

A Associação Portuguesa das Empresas de Gestão e Recuperação de Créditos (APERC) tem registado um crescimento consistente nos apelos recebidos pelos seus associados. O número de processos tratados com sucesso aumentou de 400 mil em 2006 para 692 mil no ano passado. Para este ano, a associação estima que o valor supere um milhão, disse o director executivo da associação, António Gaspar, à Agência Financeira.

«O grosso dos clientes dos nossos associados são instituições financeiras», afirmou o responsável, acrescentando que «80% dos casos são resolvidos apenas através do contacto telefónico. Em apenas 20% dos casos é necessário o recurso a uma visita pessoal».

Sobreendividamento é «relativamente raro»

António Gaspar refere-se aos casos que ainda não são de extrema gravidade. «Há casos que são praticamente perdidos, de sobreendividamento, em que não há praticamente nada a fazer. Mas, dos casos de pessoas medianamente endividadas, a grande maioria são resolvidos com relativa facilidade». O sobreendividamento regista-se quando o rendimento disponível do agregado familiar «não chega sequer para cobrir as amortizações mais os juros da dívida, quanto mais para viver no dia-a-dia». Mas estes são casos «relativamente raros».

Para António Gaspar, a grande maioria dos clientes quer cumprir os compromissos assumidos junto da banca, mas endividou-se de tal maneira que não consegue.

«Os nossos associados começam por contactar telefonicamente as pessoas, para perceber porque deixaram de pagar. Muitas vezes, há uma situação de desemprego, ou então as pessoas estão à espera de receber o vencimento, prometem que fazem o depósito dali a alguns dias¿», exemplifica. As empresas de recuperação de dívidas acompanham o caso de cada cliente através de telefonemas, até que o pagamento seja feito ou, caso isso não aconteça, até ser atingido um determinado prazo limite, estipulado pela empresa financeira. Nessa altura, é possível que haja uma visita pessoal, «para perceber, olhos nos olhos, qual é a situação, porque é que as pessoas não pagam».

Empresas podem sugerir aos bancos renegociar os créditos

Em qualquer dos casos, a empresa de recuperação de dívidas actua como ponte entre a instituição financeira e o cliente, transmitindo à primeira o que se passa. «A empresa pode dizer à financeira que há uma situação de desemprego ou de endividamento excessivo, e pode sugerir uma renegociação do crédito, um alargamento do prazo, para que seja possível resolver a situação da melhor forma», explica António Gaspar.

Prova de que este é um sector em crescimento são os dados da associação. Em 2006, tinha 19 associados, número que cresceu para 21 no ano passado e para 26 nos dias que correm. O número de colaboradores também cresceu, dos 614 em 2006 para 648 em 2007 e o valor das dívidas recuperadas, que cresceram de 350 para 380 milhões de euros no ano passado.
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