Deputados «frustrados» com silêncio de Oliveira e Costa

O ex- presidente do Banco Português de Negócios (BPN), Oliveira e Costa, rejeitou responder às questões dos deputados na comissão parlamentar de inquérito à nacionalização do banco.

Segundo Honório Novo, do PCP, «a reunião de comissão podia ter funcionado bem à porta aberta, já que Oliveira e Costa invocou a condição de arguido» e remeteu-se ao silêncio.

«Tínhamos expectativas e saímos daqui frustrados, essencialmente porque (o ex-presidente do BPN) recusou responder a todas as questões que colocámos. Por isso, é normal que esteja pessoalmente abalado», disse o deputado do PCP aos jornalistas à saída da comissão.

O mesmo deputado sublinhou ainda que «estas comissões fazem sentido» já que são uma oportunidade de novos esclarecimentos. Por isso, permanece convicto de que «vão sair daqui resultados».

«Oliveira e Costa foi apenas o primeiro a ser ouvido, mas queremos mais», disse.

Entre os outros nomes chamados pela comissão presidida por Maria de Belém estão os de Dias Loureiro, Miguel Cadilhe e Abdool Vakil. Do lado do Banco de Portugal é ainda pedida a presença de António Marta, Carlos Santos e Pedro Duarte Neves.

BE diz que esta comissão corre riscos de ser «muda»

Segundo o deputado do Bloco de Esquerda, João Semedo, a posição que Oliveira e Costa tomou hoje no Parlamento, «não colide com o estatuto de cidadão».

Por isso, refere, «o facto de não querer responder não foi a melhor atitude», disse antes de sublinhar que há um «forte risco desta comissão se tornar muda».

Já Hugo Velosa, do PSD, garantiu que aceita a posição do ex-banqueiro e respeita o segredo de justiça invocado.

«Achamos que a posição de Oliveira e Costa é legítima. Por isso, aceitamos (que não quisesse falar). Pensamos ainda que esta audição devia ter sido feita mais tarde, numa fase mais avançada da comissão, já que teríamos mais a ganhar. Esta não era a melhor altura para ouvirmos Oliveira e Costa», assegurou.

O deputado do PSD revelou ainda que «espera que as próximas audições sejam mais clarificadoras», e reiterou a importância de trazer também à comissão o Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, e o actual ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos.

Recorde-se que Oliveira e Costa chegou ao Parlamento às 14h45 e abandonou a reunião 45 minutos depois, sem qualquer tipo de comentário.