Economia portuguesa à beira da estagnação - TVI

Economia portuguesa à beira da estagnação

vitorconstancio

A economia nacional corre o sério risco de estagnar durante este ano e de quase não recuperar em 2006. A revisão em baixa das previsões de crescimento, por parte do Banco de Portugal, para menos de um terço do esperado, revela que o pior ainda está longe de já ter passado.

O governador da instituição, Vítor Constâncio, revelou hoje, na apresentação do Boletim Económico do Verão que o crescimento de 1,1% em 2004, depois da recessão em 2003, se baseou sobretudo na procura interna, sendo que as exportações portuguesas estão a perder força e competitividade. Para este ano e para o próximo, as perspectivas não são brilhantes, até porque também a economia europeia está frágil e não deverá dar grande contributo.

Assim sendo, Portugal enfrenta um período de fraco crescimento económico que, apesar de acompanhar praticamente o andamento da economia europeia, implica mais alguns anos sem convergência face à média europeia.

No entanto, e mesmo com as actuais previsões já tão pouco optimistas, o governador do banco de Portugal admite ainda a existência de vários riscos, sendo um deles o preço do petróleo que, a situar-se acima do valor médio por barril previsto (52 a 53 dólares), pode deprimir ainda mais a economia. «Nós somos mais dependentes do petróleo, pelo que somos também mais afectados por uma eventual subida dos preços», disse.

Depois de um crescimento de apenas 0,1% no primeiro trimestre deste ano, um valor que Vítor Constâncio diz ter sido «desapontador», e considerando as medidas de consolidação orçamental anunciadas pelo Governo, o Banco de Portugal está ainda menos optimista. No entanto, e apesar de admitir que este pacote de medidas é restritivo, a instituição diz também que a consolidação era «inevitável» e «imprescindível», sob pena de fazer subir o prémio e o risco e as taxas de juro. Uma consolidação apenas do lado da despesa poderia ter sido ainda mais penalizadora no curto prazo, mas essas medidas são também indispensáveis, pelo que o que deve agora acontecer é um ajustamento persistente ao longo de vários anos, da situação orçamental portuguesa.

O governador diz também que o preço do petróleo não é, para já, uma ameaça ao objectivo de estabilidade de preços do Banco Central Europeu e que as taxas de juro não vão descer mais nos próximos anos.
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