Função pública perde poder de compra mas privados têm aumentos reais em 2006 - TVI

Função pública perde poder de compra mas privados têm aumentos reais em 2006

Função pública perde poder de compra mas privados têm aumentos reais em 2006

Os funcionários públicos deverão voltar a perder poder de compra em 2006. O ministro das Finanças e Administração Pública, Fernando Teixeira dos Santos, não quis ontem especificar se os aumentos serão superiores ou inferiores à inflação, mas adiantou que a margem de manobra para subir as remunerações da função pública é «muito reduzida».

Já o sector privado, se tivermos em conta o estudo ontem divulgado pela consultora Mercer HR Consulting, deverá obter um acréscimo de 1,1% no seu poder de compra, sendo que os aumentos salariais previstos são, em média, de 3,2%, enquanto que a inflação prevista é de 2,1%.

O Governo é mais pessimista e aponta, para 2006, para uma inflação de 2,9%. A verificar-se esta previsão, a perda do poder de compra dos funcionários públicos será ainda maior, já que a proposta de aumento salarial com que o Executivo parte para as negociações ronda os 2%.

«O tempo que atravessamos é de contenção de custos e de fortes necessidades de poupança», alertou o ministro à margem da tomada de posse do novo Conselho Directivo da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), justificando assim a fraca margem existente para subir os salários da função pública.

Porque o tempo é de contenção, a meta do Orçamento do Estado para 2006 é, no que se refere ao subsector Estado, «manter o nível de despesa, quer de despesa de investimento, quer da despesa corrente, que se situará em níveis muito semelhantes aos deste ano. O intuito é evitar qualquer acréscimo significativo na despesa do sub-sector Estado».

Aumentos salariais de 3,2% no sector privado

Já para o sector privado, o crescimento real dos salários previsto pela Mercer será o quinto mais baixo da União Europeia, onde os salários deverão superar a inflação, em média, em cerca de 2 pontos percentuais.

«Globalmente, espera-se que os aumentos salariais no próximo ano sejam superiores aos registados em 2005», refere o comunicado da consultora, acrescentando que o aumento médio dos salários a nível mundial deverá atingir os 2,4 pontos percentuais acima da inflação, comparativamente aos 1,9 pontos percentuais deste ano.

O estudo engloba 70 países e mostra que em Portugal a tendência «é para que se verifique uma variação dos salários igual a 2005, com um aumento de 3,2%, esperando-se um abrandamento da inflação, com a taxa a decrescer de 2,3% em 2005 para 2,1% em 2006». Desta forma, «perspectiva-se um acréscimo nos salários reais, de 0,9 pontos percentuais para 1,1, em 2005 e 2006, respectivamente», afirmou Paulo Machado, responsável da área de Human Capital da Mercer em Portugal.
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