O que afecta a decisão dos investidores?

As preocupações dos investidores pautam-se, neste momento, por um cenário de crise de crédito que começou nos EUA e que já chegou ao resto do mundo, nomeadamente à Europa. A consultora AT Kearney averiguou ainda no final de 2007 o que afecta as decisões dos investidores em empresas de todas as dimensões.

A conclusão: a desaceleração económica e a volatilidade do dólar preocupa a economia mundial. A primeira razão foi apontada por 55 por cento dos inquiridos, a segunda por 45%.

Mas há mais, 39% está atento ao aumento das taxas de juro e 38% ao aumento da regulação do Governo. Ainda 37% está preocupado com a volatilidade dos preços energéticos.

Relativamente aos principais riscos para a saúde norte-americana, os investidores inquiridos estão sobretudo preocupados com o custo da guerra do Iraque (30%), elevado endividamento dos consumidores (18%), diminuição dos trabalhadores altamente qualificados (15%), persistência dos défices orçamental e comercial (15%) e com o retrocesso proteccionista contra a globalização (15%).

No entanto, a AT Kearney não acredita que se dê uma recessão nos EUA. «Acho pouco provável, excepto se forem tomadas más medidas», afirmou o responsável pelo estudo e director sénior da Global Business Policy Council da consultora, Martin Walter, sugerindo que um excessivo proteccionismo poderia aqui significar a queda do império norte-americano.

Mais de metade dos inquiridos pretende aumentar investimentos nos EUA

Esta conclusão é também sustentada pelo facto de que, nem num cenário de crise, os investimentos planeados nos EUA para os três próximos anos devem diminuir, antes pelo contrário. O estudo concluiu que 52% dos investidores responderam que pretendem aumentar os capitais canalizados para os EUA, 44% vão manter-se sem alteração e apenas 4% pensam diminuir «por terem melhores opções noutros locais ou devido à desvalorização do dólar».

Martin Walter sublinha ainda que a energia e ambiente passou a estar no topo das preocupações dos investidores sobre a sustentabilidade global. Assim, a competição global pelas escassas reservas energéticas é o desafio mais importante para a sustentabilidade da ordem económica global nos próximos 20 anos.

Para além disso, os inquiridos mostraram-se preocupados com as alterações climáticas (55%), com a competição global pelos recursos naturais (excluindo energéticos), aumento da poluição nos países desenvolvidos e com as assimetrias de riqueza e rendimento de países em desenvolvimento. Ainda o aumento dos custos de serviços básicos e os défices crónicos fiscais e comerciais norte-americanos podem condicionar a sustentabilidade da ordem económica do mundo.

«Estas preocupações demonstram grande consistência entre os investidores de diferentes regiões, sectores e empresas de varias dimensões», defende o estudo.