Parques da  EPUL com preço único em jogos do Sporting - TVI

Parques da EPUL com preço único em jogos do Sporting

parque e predios

Os parques de estacionamento de Telheiras geridos pela Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) praticam, nos dias de jogos no estádio do Sporting, uma tarifa única de 4,80 euros, situação que a DECO classifica como «abusiva».

Comerciantes, moradores e alguns adeptos mostram-se descontentes com esta prática, que a empresa municipal justifica com o «movimento acrescido de estacionamento» nestes dias.

A Praça Central de Telheiras dispõe de dois estacionamentos, propriedade da EPUL, com um total de 267 lugares públicos e 513 lugares privados, destinados a residentes e proprietários deste empreendimento.

Segundo a empresa municipal, os parques de estacionamento estão «vocacionados para servir a população de Telheiras, quer a residente, quer aquela que se desloca diariamente ou pontualmente a este bairro».

Nos dias comuns, apenas o parque «1», com entrada junto à estação de Metro de Telheiras, está aberto ao público, com uma oferta de 158 lugares.

O outro parque, com entrada pela rua Prof. Eduardo Araújo Coelho, mantém-se encerrado nos dias comuns, por «a taxa de ocupação do estacionamento não justificar a sua abertura», e só abre nos dias de jogo, explica a EPUL.

Em ambos os parques de estacionamento, o valor cobrado é de 60 cêntimos por hora, estando definido como máximo por dia 4,80 euros.

Nos dias de jogos do Sporting, «devido ao acréscimo de movimento, as duas entradas são abertas», altura em que o normal cartaz de preços é tapado por uma informação em que se lê: «Hoje, tarifa diária única 4,80».

Em declarações à «Lusa», Margarida Moura, jurista da associação de defesa dos consumidores (Deco), classifica a situação como «nitidamente abusiva».

«Eventualmente poderá constituir um crime de especulação», considerou a jurista, sustentando que a medida visa «obter um lucro» que é, na opinião da DECO, «ilegítimo».

Para Margarida Moura, a situação poderá também consistir numa «violação do direito à protecção dos interesses económicos do consumidor», que pressupõe que exista «lealdade e um equilíbrio material entre as partes».

«Ao aplicar-se um preço único, há uma desproporção de prestações», afirmou.

Num esclarecimento enviado à Lusa através de uma empresa de comunicação, a EPUL justifica a tarifa única «com o facto de os jogos gerarem um movimento acrescido de estacionamento, geralmente prolongado», e afirma que a situação «não altera as condições de estacionamento das pessoas que têm o seu lugar em regime de avença mensal».

A EPUL fixou como referência, adianta o esclarecimento, o montante praticado no parque de estacionamento do Estádio Alvalade XXI em idênticos dias, «estando abaixo deste».

O estádio pratica uma tarifa única de cinco euros nos dias de jogos nacionais e de 10 euros nos dias de partidas internacionais, uma informação que é veiculada na tabela de preços normal, ao contrário do que o que acontece nos parques da EPUL.

A representante da DECO critica o facto de a alteração do preço nos parques da Praça Central de Telheiras só ser divulgada no próprio dia, sustentando que «o consumidor tem direito à informação prévia, que tem de estar afixada de forma objectiva».

Na opinião da empresa municipal, a aplicação de uma tarifa znica «não é contraditória» com a missão do parque, que se situa junto ao Metro, de funcionar como dissuasor da entrada dos carros no centro da cidade.

«Se por um lado possibilita o estacionamento a quem vem assistir aos jogos, por outro estimula as pessoas que não pretendem pagar tal tarifa a deslocarem-se através do metropolitano», frisa.

A alteração do preço nos dias de jogos deverá estar contemplada no regulamento que define o funcionamento dos parques de estacionamento, que deve ser aprovado pelos órgãos autárquicos.
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