Rádios Antena 1, Antena 2 e Antena 3 preparam reposicionamento no mercado - TVI

Rádios Antena 1, Antena 2 e Antena 3 preparam reposicionamento no mercado

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A missão de Rui Pêgo à frente das rádios do Estado está traçado, e há que começar a percorrê-lo. A visão estratégica que, neste momento, «faz sentido é articular no mercado os três canais e promover as novas plataformas», garante o responsável. Na prática, trata-se de «dar identidade à RDP como um grupo, ter uma visão muito clara e articulada das três Antenas, 1, 2 e 3, no fundo, é reposicionar cada uma das estações».

Desfazer o «equívoco» relativo à Antena 1 é, também, uma das preocupações do director. «A Antena 1 tem claramente que se posicionar como uma rádio generalista, com uma forte componente noticiosa». A Antena 1 é uma «music news» e deve «assumir-se como tal, não pode variar ao sabor das conveniências», justifica a mesma fonte, que não nega que os principais concorrentes são a «Rádio Renascença» e a «TSF».

No que se refere à «Antena 2», o objectivo é alargar o seu âmbito de intervenção a uma estação de referência do serviço público, clássica, que precisa de abrir horizontes e conquistar mais universos.

Para conquistar novos horizontes é necessário estabelecer uma «relação de proximidade com o público, de causas públicas, empenhado e envolvido com a sociedade que serve. Não pode ser distante, demasiado burocrático ou indefinido». O serviço público que «eu quero não pode ser intelectualmente arrogante, já que é pago pelo cidadão», conta Rui Pêgo.

Pequena dimensão de Portugal penaliza publicidade nas rádios

A concentração no sector dos media, em geral, é uma questão à qual Rui Pêgo elabora uma lista de vantagens e desvantagens. Na sua opinião, a concentração «permite potenciar um conjunto de virtualidades, mas que tem obviamente alguns efeitos perversos».

A concentração «em si não é um mal, mas é necessário corrigir os seus efeitos». No sector da rádio, a concentração permitiu a «segmentação», o que é positivo. Mas, «não podemos, porém, permitir, que conduza ao afunilamento das propostas, que é o que acontece no mercado português», onde se verifica que «a um maior número de propostas disponíveis no mercado, não corresponde um maior número de escolhas, o que é indesejável do ponto de vista do consumidor, e do ponto de vista dos operadores».

A rádio em Portugal atrai um investimento publicitário inferior a outros meios de comunicação, TV, Imprensa e Outdoors, contrariamente ao que acontece em alguns países da Europa, onde a Rádio aparece como o segundo meio de comunicação a captar a maior fatia de investimento publicitário.

Para Rui Pêgo, a rádio é um «excelente meio de comunicação publicitária», já que tem as características fundamentais, como «mobilidade, sonoridade e memorização», pelo que é muito mais do que um meio complementar. Daí, que o director justifique esta diferença face a outros países com a dimensão territorialmente pequena de Portugal. Isto é, «em países como os de África, Brasil, ou até mesmo Alemanha ou França, a força da rádio é muito superior enquanto veículo de difusão e de proximidade entre as pessoas, logo capta investimentos publicitários muito superiores».

Estações da RDP têm que ser europeias

O facto das rádios passarem mais música anglo-saxónica, do que música portuguesa é, na opinião de Rui Pêgo, um problema «cultural». «Desde o tempo de Oliveira Salazar, que não existe uma real preocupação com a defesa da língua, pelo que agora sentar a música ou as rádios no banco dos réus é incorrecto. Se houve aliado da música portuguesa ao longo dos anos, foi a rádio, não foi a imprensa ou a televisão».

As rádios não podem ser somente «regionais» ou «provincianas», que só passam música portuguesa. Rui Pêgo assume que, enquanto país europeu que somos, a sua preocupação é que a RDP seja «uma rádio da Europa, atenta aos mercados, que invista na modernidade dos novos sons, um papel que cabe, claramente, à Antena 3. O director refere, ainda, em jeito de conclusão, que a «Antena 1» e a «Antena 3» difundem cerca de 60% de música nacional.
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