Retalhistas aumentam até 70% preço de frutas e legumes - TVI

Retalhistas aumentam até 70% preço de frutas e legumes

Melancia

Os retalhistas chegam a aumentar em 70% o preço das frutas e legumes, criando grandes diferenças entre o preço do produtor e o consumidor, revela hoje o Observatório dos Mercados Agrícolas e das Importações Agro-Alimentares.

A presidente do Observatório, Maria Antónia Figueiredo, afirmou que se verifica uma grande diferença entre o preço praticado pelo produtor e o que chega aos consumidores, o que se deve aos retalhistas, como grandes superfícies, frutarias, supermercados, entre outros, em declarações à agência «Lusa».

As conclusões constam de um estudo feito pelo Observatório dos Mercados Agrícolas e das Importações Agro-Alimentares com base na evolução das cotações de duas frutas de grande consumo (Pêra Rocha e Maça Golden Delicious) e de duas hortaliças (Cenoura e Couve-flor) entre os anos 2000 e 2003.

Maria Antónia Figueiredo esclareceu que o objectivo do estudo foi tentar perceber o que se passava nos mercados horto frutícolas, pois os produtores queixam-se de venderem ao mesmo preço, enquanto os consumidores lamentam o facto de comprarem cada vez mais caro.

«Se os preços se mantém como chegam cada vez mais caro aos

consumidores», questionou a presidente do Observatório, acrescentando que os responsáveis por esta diferença só podem ser os retalhistas.

O estudo, que vai ser apresentado quarta-feira na Ordem dos Engenheiro, verificou que o patamar entre o produtor e o consumidor era responsável pela formação de 70% do valor do produto, o que representa «um desequilíbrio entre o preço inicial de venda e o preço final praticado junto dos consumidores».

Tendo em conta que o estudo analisou o mercado em quatro anos, Maria Antónia Figueiredo constatou que a diferença de preço se verificou todos os anos e nos quatro produtos observados.

Para fazer face a esta redistribuição desequilibrada, o Observatório alerta para a necessidade de «transparência na informação», pelo que sugere que o levantamento de preços, quantidades e cotações seja feito por uma só entidade e que a informação seja actualizada e acessível a todos os cidadãos.

Segundo Maria Antónia Figueiredo, a informação actualmente encontra-se dispersas por várias entidades, como o Instituto Nacional de Estatística (INE), Ministério da Agricultura e Direcção-Geral de Empresas, o que dificulta o acompanhamento do mercado.

A responsável garantiu que o Observatório vai continuar a acompanhar a evolução dos mercados agrícolas, apresentando as respectivas conclusões ao Ministério da Agricultura.

As conclusões do estudo foram compiladas no livro intitulado «Estudo de comercialização no sector horto frutícola. Análise da evolução e cotações», que vai ser apresentado quarta-feira na Ordem dos Engenheiros, em Lisboa.
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