Telefónica deve apostar na compra da Vivo - TVI

Telefónica deve apostar na compra da Vivo

VIVO

A Telefónica deverá aproveitar a OPA da Sonae sobre a PT para adquirir o controlo total da operadora brasileira de telefones móveis Vivo, não optando assim por qualquer contra-oferta pela operadora portuguesa, noticia hoje a imprensa espanhola.

Os jornais coincidem igualmente na análise que fazem da OPA, considerando que vai ao encontro do objectivo do governo português de manter «em mãos nacionais» empresas que têm controlo do Estado.

Todos os principais jornais económicos espanhóis noticiam hoje a compra dos 50% da Vivo sob controlo da PT como a acção mais certa da Telefónica, que oficialmente ainda não comentou a operação anunciada na noite de segunda-feira pela Sonae.

O assunto merece hoje cobertura alargada em toda a imprensa especializada, merecendo destaque de primeira página no Cinco Dias e na Gazeta de Negócios e ocupando a manchete do «Expansión», com uma foto de Miguel Horta e Costa (PT) e César Alierta (Telefónica), quando foi assinada a aliança entre as duas empresas.

Ao longo de duas páginas, o «Expansión» aposta na eventualidade de a Telefónica comprar os 50 por cento da Vivo actualmente nas mãos da PT, já que "o Brasil é um mercado prioritário" para a operadora espanhola, sendo ainda necessário negociar o futuro da Medi Telecom, a «joint venture» em Marrocos.

Num artigo de opinião, o jornal refere que o mercado interpreta a OPA da Sonae como «uma manobra do Estado português com a participação do maior grupo empresarial do país, para tentar preservar a condição portuguesa do ex-monopólio luso de telecomunicações».

Ainda assim, e apesar de dar quase como muito provável o sucesso da operação, o jornal considera que depois de concluída «não melhorará a situação relativa da operadora, que provavelmente até se agravará».

«Num país com regras de jogo comuns para todos, esta operação nunca se poderia ter realizado, porque algum grupo multinacional teria comprado antes o grupo português - demasiado pequeno para gerar economias de escala suficientes para competir sozinho - ou teria, agora apresentado uma contra-oferta», afirmou.

«O governo iniciou, com a cumplicidade dos poucos grandes grupos empresariais portugueses com suficiente dimensão, uma ofensiva de portugalização dos antigos monopólios estatais, privatizados sem um núcleo duro local e com accionistas incómodos», escreve ainda.

O jornal é no entanto crítico do futuro a médio e longo prazo da PT, já que se a Portugal Telecom vender a Vivo, «perderá a sua capacidade de crescimento no futuro», perdendo 30% das suas vendas actuais mas também espaço para crescimento além do «maduro e competitivo» mercado nacional.

«A OPA da Sonae, em caso de triunfar, não vai acabar com a debilidade relativa da PT no que toca aos grandes gigantes europeus, mas sim acentuá-la. A médio prazo a operadora portuguesa, com um dono totalmente privado, ver-se-ia obrigada a integrar-se numa operadora maior, ou reduzir as suas quotas de mercado», refere o artigo.

«Não seria estranho, neste hipótese, que depois de três ou quatro anos a PT acabe em mãos de um operador estrangeiro, precisamente o que queria evitar o governo com o seu veto à Telefónica», nota ainda.

O jornal «Cinco Dias», que dedica duas páginas ao assunto, considera que a OPA da Sonae «aproxima a Telefónica do controlo da brasileira Vivo».

Para o jornal a principal dúvida continua a ser a forma como a operação será financiada, sendo o mais certo a venda de activos no Brasil, e nomeadamente a Vivo, em particular depois do próprio Belmiro de Azevedo ter afirmado quarta-feira em conferência de imprensa que a operadora brasileira não era estratégica.

Num outro artigo, intitulado «Telefónica, o eterno inimigo do governo» o jornal considera que a relação entre o operador espanhol e a PT «sempre despertou receios nos vários governos portugueses, mas nunca tantos como no actual».

«O problema não é, claramente, que sejam aliadas nos móveis brasileiros nem em Marrocos mas sim a possibilidade de que a espanhola acabe por comprar a portuguesa», escreve, relembrando que a Telefónica nunca «fez movimentos claros nesse sentido».
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