Treinador do Braga e mais três clientes fazem queixa-crime contra BPP

O actual treinador do Sporting de Braga, Jorge Jesus, e mais três clientes avançam esta segunda-feira com uma queixa-crime contra o Banco Privado Português (BPP). Em causa está o facto de não conseguirem resgatar o dinheiro depositado, além de acusarem a instituição de falta de comunicação.

Além da entrega desta queixa-crime de quatro clientes nesta segunda-feira, espera-se que o número venha a aumentar nos próximos dias, sendo que esta primeira acção refere-se a burla qualificada, infidelidade e manipulação de mercados.

Os acusados são, além do BPP, três administradores e o ex-presidente do conselho de administração, João Rendeiro.

Jorge Jesus foi esta segunda-feira à sede do BPP em Lisboa para, antes de avançar com a referida queixa, tentar um derradeiro contacto com a instituição mas, após 40 minutos de espera, foi-lhe dito que não havia nada a comunicar.

«Nunca fiz aplicações de risco. Sou um depositante apenas», garantiu aos jornalistas o actual treinador do Sporting de Braga, que diz ter no BPP «cerca de 35 anos de trabalho», ou seja todas as suas economias.

Pela falta de comunicação, Jorge Jesus diz agora que, para reaver o seu dinheiro, irá recorrer à via judicial.

«Como é que posso acreditar (na recuperação do banco) se ninguém me diz nada?», interrogou-se.

100 clientes com 40 milhões de activos

O advogado que segue o caso diz que as queixas-crime contra o BPP não vão ficar por aqui: «Este número de queixas vai crescer. As reuniões (com clientes insatisfeitos) não são conjuntas», disse Luís Miguel Henrique.

De acordo com a mesma fonte, os casos de queixas estão a multiplicar-se de norte a sul do país e, numa associação de cem a 120 clientes, reclamam-se cerca de 40 milhões de euros. «Este valor mostra que o BPP não é um banco só de contas milionárias», disse.

Luís Miguel Henrique diz que nenhum destes clientes tem, a título individual, mais de 4 ou 5 milhões de euros depositados e «menos de cento e tal mil euros».

A Agência Financeira contactou o BPP para obter um comentário a estas queixas, mas continua a aguardar pela resposta do banco.