Sarkozy: ajudas de pelo menos 1,5 mil milhões ao sector automóvel

A indústria automóvel francesa vai beneficiar de ajudas de 1,5 mil milhões de euros, anunciou esta quinta-feira o presidente Nicolas Sarkozy, que admitiu reforçar este montante caso os Estados Unidos «falseiem» a concorrência com apoios maiores aos seus construtores.

Ao apresentar o seu plano de relançamento da economia francesa, o Presidente francês propôs três medidas para a indústria automóvel, que a França considera um sector vital da sua indústria, avança a «Lusa».

A primeira medida é um incentivo ao abate de carros: quem substituir até ao final de 2009 um carro usado com mais de 10 anos por um veículo novo «pouco poluente» recebe um incentivo de mil euros.

Esta medida deverá custar ao Estado francês cerca de 220 milhões de euros.

A segunda medida é conceder dois empréstimos de 500 milhões de euros cada às entidades financeiras dos construtores automóveis que por sua vez emprestam verbas a quem compra carros.

A terceira medida é a constituição de um fundo de reestruturação do sector (construtores e fabricantes de componentes) de 300 milhões de euros, no qual os construtores participam com cerca de 100 milhões.

Ajudar Peugeot Citroën e Renault

As duas primeiras medidas têm como objectivo ajudar os dois grupos franceses PSA Peugeot Citroën e Renault a escoar «stocks» de cerca de um milhão de carros por vender, num momento em que o mercado está em forte baixa.

«O Estado está pronto a fazer de tudo para salvar a indústria automóvel, (que emprega) 10 por cento da população activa francesa», ou seja 2,5 milhões de assalariados nos dois grandes grupos e fabricantes de componentes, disse Nicolas Sarkozy.

O Presidente francês preveniu que a França poderá aumentar o seu esforço junto do sector automóvel se as ajudas do governo norte-americano aos seus construtores sejam de tal ordem que «falseiem» a concurrência.

«Acredito na mundialização, acredito na liberdade do comércio, acredito na economia de mercado. Mas se os nossos amigos norte-americanos derem uma vantagem aos seus próprios industriais não deixarei a indústria automóvel francesa em desvantagem face aos seus concorrentes», acrescentou.

Nicolas Sarkozy também advertiu os industriais franceses para que não deslocalizem a sua produção para países onde os custos são mais baixos.

«Não estou de acordo com ajudas a empresas com dinheiros públicos se estas continuam a deslocalizar para o estrangeiro», acrescentou.

O Presidente francês anunciou hoje um plano de relançamento da economia orçado em 26 mil milhões de euros, dos quais 10,5 mil milhões em investimentos públicos suplementares, apoios à tesouraria das empresas e ajudas ao sector automóvel.

«A crise que atravessamos não é uma crise passageira, mas sim estrutural. (Esta crise) deve incitar-nos a agir rapidamente e em força», declarou Sarkozy num discurso em Douai, norte de França, onde se situa uma grande fábrica do fabricante automóvel Renault.