Europa está em risco de perder batalha da educação - TVI

Europa está em risco de perder batalha da educação

Sala de aulas (Fotografia de Marta Sofia Ferreira)

A Europa, arrastada pela Alemanha e França, está em risco de perder a batalha da educação e qualificação, decisiva para a nova competição económica com China e Índia, segundo um estudo a publicar hoje em Bruxelas.

Realizado por Andreas Schleicher, do Departamento de Educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), para o Conselho de Lisboa, organização com sede em Bruxelas, o estudo defende que os países europeus devem «revolucionar» os seus sistemas educativos como fez a Finlândia, responsabilizando as instituições de educação pelos resultados alcançados.

«A época em que a Europa estava em concorrência com os países que ofereciam trabalho pouco qualificado e de baixos salários já terminou há muito tempo», escreve Andreas Schleicher no estudo a que a Agência France Press teve acesso, sustentando que a China e a Índia «apresentam qualificações elevadas a custos reduzidos», o que «altera profundamente as regras do jogo».

A primeira constatação é que a despesa de educação tem uma óptima rendibilidade económica, mais alta do que as taxas de interesse real quer para os indivíduos quer para os próprios países.

A prova está no que o estudo designa por «milagre coreano».

Partindo do fundo da escala nos anos 1960, a Coreia do Sul ocupa neste momento a terceira posição da OCDE no que respeita ao número de jovens adultos com formação universitária, enquanto as economias europeias, incluindo a França, Itália e Reino Unido, tiveram dificuldades em manter a sua posição e a Alemanha recuou de maneira significativa.

Economicamente medíocres, os sistemas educativos da Alemanha e da França são igualmente injustos do ponto de vista social, acrescenta o estudo, que denuncia o «preconceito de classe inerente» dos mecanismos que «sobrecarregam os pobres para subvencionar as oportunidades de educação dos ricos».

Na Alemanha, a pré-selecção social desde os dez anos nas fileiras educativas faz com que «os filhos de quadros altamente qualificados tenham quatro vezes mais hipóteses de entrar na vida universitária do que os filhos dos operários».

A situação não é muito diferente da registada noutros países europeus como a França, país que, sublinha Andreas Schleicher, «se recusa a publicar os resultados fornecidos pelo PISA sobre a desigualdade social entre escolas».

Na base dessa constatação, apoiada por numerosos indicadores estatísticos do declínio europeu, Andreas Schleicher avança com algumas recomendações.

Primeiro, recomenda a construção de um sistema de instituições educativas «diversificadas, viáveis e de alta qualidade», especialmente responsáveis dos seus resultados.

É preciso, nomeadamente, «que a capacidade de administração» dos seus dirigentes «esteja à altura de empresas modernas» e reflicta interesses mais amplos do que os da «comunidade académica».

Em seguida, deve-se garantir que o desenvolvimento da educação superior «alargue o acesso, aumente a qualidade e melhore a equidade».
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