SLN usou veículo off-shore para falsear indicadores - TVI

SLN usou veículo off-shore para falsear indicadores

BPN

EREI comprou a Sabrico porque esta iria prejudicar os indicadores de desempenho do grupo

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A Sociedade Lusa de Negócios (SLN) utilizou uma empresa própria que sempre esteve fora das suas contas para comprar a Sabrico, empresa brasileira que recebeu verbas do Banco Insular visando deturpar os indicadores do grupo, disse à «Lusa» fonte do BPN.

A SLN, dona do BPN, fez uso da imobiliária Excellence Real Estate Investments (EREI) para comprar a Sabrico, revendedora brasileira da Volswagen em São Paulo.

A EREI, segundo a edição de sábado do jornal «Público», é detida em partes iguais pela Fiduciary Nominees e pela Fiduciary Trust, de Gibraltar, donos também da Insular Holdings que controla o Banco Insular.

«A EREI foi quem comprou a Sabrico. Foi criada para acomodar a Sabrico, porque esta iria prejudicar os indicadores de desempenho do grupo», explicou a mesma fonte.

A EREI comprou a Sabrico em Agosto de 2001, acrescentou a mesma fonte, afirmando que as duas empresas estiveram «sempre fora do perímetro de consolidação do grupo SLN. A EREI serviria como enfermaria para a Sabrico, a qual, quando estivesse recuperada, passaria a integrar o grupo».



A EREI, segundo o «Público», detém também 99 por cento da sociedade gestora de participações Fuentes. Na página da SLN na Internet o grupo inclui a Sabrico na lista de activos que o presidente Miguel Cadilhe decidiu pôr à venda no âmbito do plano de recuperação e confirma que a Fuentes Participações integra o universo da Sabrico.

Empresa sem ser mencionada

A EREI, com sede na Holanda e nunca mencionada pela SLN, enviou para o Brasil duas remessas de 2,85 milhões de dólares (2,26 milhões de euros, ao câmbio actual). Uma em Novembro de 2001 (recebida pela holding Ultramac) e outra em Abril de 2003, encaixada pela financeira do BPN no Brasil, a BPN Creditus, segundo dados do Banco Central do Brasil.

Em Setembro de 2003, a sociedade gestora de participações sociais SLN Madeira transfere também para a BPN Creditus 2,85 milhões de dólares, segundo o Banco Central brasileiro, que identifica também a EREI como fonte de investimento directo estrangeiro na Sabrico e na Fuentes entre 1999 e 2007.

A Sabrico sempre esteve fora das contas da SLN Car, disse o ex-funcionário, acrescentado que a empresa brasileira «tinha já em 2007 bons resultados operacionais, com uma facturação anual de, pelo menos, 200 milhões de reais (então cerca de 73,4 milhões de euros)».

Apesar dos bons resultados, em Janeiro de 2007 o BPN Caimão enviou para o Brasil 5.548.505,3 euros divididos em duas remessas exactamente iguais. Uma para a Sabrico e outra para a Fuentes. Em Abril de 2008, mais uma remessa de 2.774.252,65 milhões de euros saiu das Ilhas Caimão para a Fuentes.

Já em Outubro de 2006, a «off-shore» do BPN nas ilhas Caimão tinha creditado na conta da Sabrico 1.830.168,27 euros (cerca de 2,4 milhões de dólares, ao câmbio de então). No mesmo mês, o Banco Insular injectou na Fuentes 4,5 milhões de dólares e o BPN das Ilhas Caimão faz o mesmo com 3,753 milhões de dólares.

Julho de 2008 é a única altura em que a Fuentes recebe verbas do próprio BPN Portugal, sem fazer uso de «off-shores» ou veículos de investimento, no total de 5,925 milhões de dólares.
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