Tribunal para travar alta tensão - TVI

Tribunal para travar alta tensão

  • Portugal Diário
  • 4 out 2007, 18:12
Moradores em protesto (Lusa)

Comissão de moradores de Vale Fuzeiros, Silves, vai apresentar providência cautelar para travar instalação de linhas eléctricas. Cerca de uma centena de pessoas concentraram-se em frente à sede da Rede Eléctrica Nacional (REN) para protestarem Linhas eléctricas podem causar leucemia

Notícia actualizada às 19:29

O representante da associação de moradores de Vale Fuzeiros, Silves, garantiu hoje que a comissão vai apresentar uma providência cautelar junto do tribunal para a interrupção da instalação de linhas de muito alta tensão naquela zona do Algarve, noticia a Lusa.

Sérgio Santos, da associação de moradores de Vale Fuzeiros, falava à imprensa no final de uma reunião com um responsável da Rede Eléctrica Nacional (REN), em que também participou o presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines, José Vítor, e da Junta de Freguesia de São marcos, concelho de Sintra, Nuno Anselmo, em solidariedade com o protesto dos moradores do Algarve.

Segundo Sérgio Santos, o responsável da REN com que reuniram, Jorge Lixa, remeteu a responsabilidade da colocação da linha de alta tensão naquele local para o Ministério do Ambiente, alegando que a REN «se limita a executar ordens do Ministério do Ambiente».

«Agora vamos para o Ministério do Ambiente reclamar que este pondere a solução alternativa decidida pelos moradores - o traçado Norte - uma vez que aquela zona do Algarve está a ser arrasada», disse.

Também o presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines assegurou que a luta contra a instalação das linhas de muito alta tensão «não irá parar enquanto houver um freguês da freguesia que se movimente contra a obra».

Os dois representantes do protesto dos moradores do vale do concelho de Silves desconhecem porém qual a data precisa em que se irão deslocar ao ministério do Ambiente.

Sérgio Santos deixou ainda um apelo ao ministério da Economia para que juntamente com o do Ambiente encontre uma solução para a instalação da linha de muito alta tensão, que possibilite aos moradores prosseguirem «com o desenvolvimento económico sustentado que têm vindo a promover na região».

O representante dos moradores acrescentou que o responsável da REN com quem se reuniram não lhes deu qualquer garantia que as obras vão parar.

«desencantados, mas não derrotados»

«Desencantada, mas não derrotada é como saio daqui hoje», disse à agência Lusa Ana Pereira, uma habitante de Vale de Fuzeiros, que se manifestou em Lisboa, corroborada por mais habitantes da zona que assumindo-se igualmente «desencantados, mas não derrotados» prometeram «tudo fazer para que não haja um poste de muito alta tensão a cortar as suas propriedades».

«É a nossa saúde que está em causa, a dos nossos filhos e netos, e uma aposta de desenvolvimento do interior algarvio que está a começar a desenvolver-se e que vai ser posta em causa com a atitude da Rede Eléctrica Nacional», disse à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Silves, que também marcou presença na manifestação.

Embora só agora a população daquelas zonas do concelho de Silves tenha saído à rua para contestar a implantação de postes de muito alta tensão na linha Tunes-Portimão, a sua luta data de 2005 quando os moradores apresentaram um traçado alternativo à proposta da REN, que passa pela serra e que «embora seja mais caro, não faz perigar pessoas nem habitações», disse Mário Godinho.

Questionado pela Lusa sobre a inviabilidade do traçado Norte devido ao repovoamento de parte da serra com lince ibérico - razão invocada hoje pelo presidente da REN para a não opção por aquele trajecto -, Mário Godinho disse nada ter contra o lince ibérico.

«Não arranjem agora desculpas com o lince ibérico, porque não é desculpa. Se quiserem respeitar os interesses das populações, escolhem o traçado que menos prejuízos lhes traz», frisou.
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