"Preocupante", "radical": PS acusa Governo de estar a afastar de cargos públicos quem não é do PSD - TVI

"Preocupante", "radical": PS acusa Governo de estar a afastar de cargos públicos quem não é do PSD

  • Agência Lusa
  • 30 abr, 13:50
Ana Jorge

A propósito das exonerações na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa - mas não só -, socialistas dizem que os sociais-democratas estão a chamar para estes cargos pessoas "domesticáveis"

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O PS defendeu hoje que a exoneração da provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge (na foto), tem como único objetivo colocar no cargo “pessoas mais domesticáveis” pelo Governo do PSD.

“O Governo está a criar um conjunto de casos que tem como único fundamento substituir pessoas que sejam mais politicamente alinhadas, mais domesticáveis pelo Governo PSD”, sustentou o vice-presidente do grupo parlamentar do PS Tiago Barbosa Ribeiro, numa declaração aos jornalistas na sede dos socialistas no Porto.

Para o deputado socialista, é "isso que está em causa nestas e noutras atitudes, como foi o caso da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Segundo Tiago Barbosa Ribeiro, o Governo de Luís Montenegro tem, desde que tomou posse, “encontrado subitamente problemas que não eram identificados” num conjunto de dirigentes que são “inquestionavelmente bons dirigentes e bons gestores públicos”.

Esses problemas parecem mais relacionados com a filiação partidária dos mesmos do que propriamente com a sua competência técnica para gerir as instituições, vincou.

Por isso, o socialista classificou a decisão de exonerar a provedora da Santa Casa da Misericórdia como “profundamente radical, inusitada e preocupante”.

Na sua opinião, a decisão é inusitada porque Ana Jorge estava em funções há apenas um ano e tinha em mãos um processo de reestruturação e de reequilíbrio financeiro da instituição, logo “nada fazia prever uma decisão desta natureza”.

Tiago Barbosa Ribeiro considerou que a exoneração é “profundamente radical” porque o Governo encontra um conjunto de falsos argumentos para demitir, de um momento para o outro, toda a direção da Santa Casa da Misericórdia.

E é ainda preocupante porque revela um padrão de atuação do Governo liderado por Luís Montenegro que está a encontrar um conjunto de pretextos para “de forma intempestiva” substituir um conjunto de dirigentes nas diferentes instituições do Estado, “procurando domesticá-las e lá colocar pessoas politicamente alinhadas com o Governo”, ressalvou.

O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS revelou que o partido entregou na segunda-feira, na Assembleia da República, um requerimento para ouvir com caráter de urgência a agora antiga provedora da Santa Casa da Misericórdia e a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Na segunda-feira, o Governo anunciou ter exonerado "com efeitos imediatos" a administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Já hoje, o executivo de Luís Montenegro acusou a provedora exonerada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e os elementos da Mesa de “atuações gravemente negligentes” que afetaram a gestão da instituição, justificando desse modo a exoneração.

De acordo com o despacho hoje publicado em Diário da República (DR), que, no caso de Ana Jorge é assinado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Ramalho, toda a atual equipa de gestão da SCML termina as funções a partir de hoje.

Ana Jorge tomou posse em 02 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.

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