<i>Serial Killer</i>: o que diz o teste - TVI

<i>Serial Killer</i>: o que diz o teste

Julgamento do <i>serial killer</i> - Foto Paulo Novais para Lusa

Ex-cabo é imputável mas revela «atitudes manipuladoras e de simulação». Exame de QI deu nível «debilidade mental», mas psiquiatras acreditam que António Costa simulou tudo. Até disse que uma bola «é quadrada»

O antigo cabo da GNR de Santa Comba Dão, acusado da morte de três jovens, é «imputável». Esta é a principal conclusão do relatório psiquiátrico realizado pelos técnicos do Instituto Nacional de Medicina Legal, em Coimbra.

«O examinando não padece de doença mental no sentido estrito e rigoroso do conceito», conclui o relatório clínico, acrescentando que «do ponto de vista psiquiátrico forense e para os factos de que vem indiciado (na eventualidade de os ter cometido) não se apuram razões de natureza psiquiátrica que permitam excluir ou atenuar a sua imputabilidade». António Costa pode, assim, responder criminalmente e, caso venha a ser condenado, cumprir pena num estabelecimento prisional.

Segundo informações recolhidas pelo PortugalDiário, os psiquiatras que realizaram os testes concluíram ainda que António Costa revela atitudes «manipuladoras» e de «simulação».

Essa atitude pode justificar, segundo os clínicos, os resultados anormalmente baixos nos testes de inteligência.

Uma bola é «quadrada»

O arguido revelou um quociente total de inteligência de 50 [abaixo de 69 indica debilidade mental], a carecer de «orientação e supervisão de terceiros», mas os clínicos acreditam que o militar na reserva manipulou os resultados.

E exemplificam: à pergunta «qual a forma de uma bola?», António Costa respondeu: «Acho que deve ser quadrada».

Por outro lado, o arguido admite a hipótese do suicídio «para se ver livre deste caso», mas, sublinham os médicos, ao mesmo tempo «não evidencia um verdadeiro humor depressivo».

Os psiquiatras A. Silva Marques e Máximo Fernandez acrescentam que «os traços anómalos» de personalidade «não permitem efectuar um diagnóstico de transtorno da personalidade».

As atitudes «manipuladoras» e de «simulação» também não o impedem de avaliar a licitude ou ilicitude dos seus actos «nem lhe comprometem a liberdade para se determinar de acordo com a avaliação feita».

Família descreve-o como «nervoso e inquieto»

Além do arguido, foram ainda entrevistados a mulher, a mãe e duas irmãs de modo a conhecer o seu historial e assim traçar melhor o perfil. Todas foram unânimes em descrevê-lo como «nervoso e inquieto» mas «sem evidenciar comportamentos violentos e/ou impulsivos».

Os testes foram realizados em três sessões (19, 25 e 29 de Junho), tendo inclusivamente sido realizado um electroencefalograma que apresentou resultados dentro dos parâmetros normais.

Recorde-se que a repetição dos exames psiquiátricos foi requerida pela defesa do arguido, que contestava a fiabilidade de alguns dos exames realizados. Os resultados vêm agora confirmar as conclusões dos primeiros testes.

Ouvido pelo PortugalDiário, o advogado dos familiares de Mariana (segunda vítima), João Pereira, considerou que a defesa teve uma «estratégia dilatória», já que as escutas telefónicas constantes do processo (e ouvidas em julgamento) são «mais do que suficientes para aplicar 25 anos prisão ao arguido».



As alegações finais estão marcadas para dia 11, às dez da manhã.
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