Serial Killer: testemunha «foi pressionada» - TVI

Serial Killer: testemunha «foi pressionada»

António Costa à entrada para o Tribunal da Figueira da Foz (Paulo Novais/Lusa)

«Melhor amigo de Mariana» prestou um depoimento diferente em tribunal

A advogada do ex-cabo de Santa Comba Dão, acusado da morte de três jovens vizinhas, Carla Bettencourt, referiu esta segunda-feira ao PortugalDiário que o melhor amigo de Mariana, ouvido esta manhã em tribunal, «foi pressionado» para produzir um testemunho diferente daquele que fez anteriormente à GNR, por alturas do desaparecimento da jovem, a 14 de Outubro de 2005.

A testemunha tinha sido arrolada pela família de Joana, terceira vítima, para o pedido de indemnização cível, bem como pela defesa do arguido.

Tiago Branquinho, o «melhor amigo de Mariana», segunda vítima do alegado serial killer, confirmou esta manhã em tribunal que saiu com a jovem à noite, uma semana antes do seu desaparecimento, altura que a amiga lhe terá confessado «que tinha um segredo».

Mariana não lhe terá revelado o conteúdo desse segredo. «Tentei, mas ela não quis contar e eu não quis pressionar».

A versão não coincide com a relatada em tribunal pelo militar da GNR de Santa Comba, Horácio Mateus, que, numa das sessões anteriores, referiu ao juiz que o «Tiago Terra» (nome pelo qual o jovem é conhecido) lhe dissera, na altura do desaparecimento, que saíra com Mariana «de 7 para 8 de Outubro de 2005». Nessa ocasião, a jovem ter-lhe ia confessado que recentemente mantivera uma relação sexual com um homem mais velho. Uma situação de que se envergonhava e «um segredo que iria levar consigo».

Quando foi ouvido em tribunal, o tio de Mariana, Rogério, a quem o arguido acusa de ter mantido relações sexuais com a sobrinha, bem como de ter morto as três vítimas, confirmou ter saído com a jovem, na noite de 6 para 7 de Outubro de 2005, mas negou peremptoriamente qualquer relacionamento sexual com a mesma.

Tiago, para quem «a Mariana era como uma irmã» terá sido igualmente a pessoa a quem a jovem pediu ajuda quando no dia 8 de Outubro tomou uma dose considerável de comprimidos.

«Ligou-me e deixou-me uma mensagem escrita», recorda o amigo, acrescentando que mais tarde falou com a jovem tendo-lhe aquela admitido que «foi uma estupidez». Tiago não tentou aprofundar os motivos

do gesto irreflectido «porque ela podia sentir-se ainda pior».

A véspera do desaparecimento «foi o última vez» em que Tiago falou com Mariana. Durante a conversa pelo telemóvel, a jovem referiu o descontentamento em relação à praxe académica em Oliveira do Hospital, onde estudava, bem como as indecisões em relação ao curso escolhido.

Tinham combinado tomar um café na noite de 14 de Outubro, mas Mariana desapareceu nessa tarde. «Tentei ligar-lhe várias vezes, desde as três da tarde, mas o telemóvel estava desligado».

Mulher e filho do arguido ouvidos à tarde

Durante a manhã, o tribunal ouviu mais seis testemunhas, entre vizinhos, familiares e amigos das vítimas Isabel Cristina e Joana, com o intuito de justificar os pedidos de indemnização cíveis.

O Tribunal deverá concluir esta tarde a audição das testemunhas do processo. Aguarda-se com expectativa o testemunho da mulher e do filho do ex-cabo, António Costa.
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