Ana Gomes fala em descontrolo nos aeroportos

A eurodeputada socialista Ana Gomes disse hoje, em Lisboa, numa audição pública sobre «Exportação de Armas Ligeiras» para zonas de conflito, que o caso dos voos da CIA mostrou que «há um grande descontrolo» nos aeroportos portugueses, noticia a Lusa.

«Preocupa-me que, por falta de controlo, Portugal esteja a ser utilizado, possivelmente, como plataforma de exportações de armas ilegais não controladas pelo Estado», disse Ana Gomes à Lusa, à margem da audição pública.

A eurodeputada eleita pelo PS citou a representante da Comissão Europeia, Daniela Dicorrado-Andreoni, que referiu ser «muito fácil para os agentes intermediários de armas servirem-se de aviões para o transporte de armamento ilegal, que rapidamente mudam de cor e de matrículas, num voo entre um país do leste europeu para outro, como a Libéria, para desestabilizar com um só carregamento de armas esses mesmos países».

«Portanto, há aqui um problema grave de controlo», disse Ana Gomes, sublinhando que chamou à atenção para a questão dos voos da CIA, porque, para além da questão do transporte de prisioneiros, se colocam problemas de controlo na segurança dos aeroportos europeus, e concretamente dos portugueses.

Ana Gomes disse que um dos casos que ouviu referenciar, nos inquéritos efectuados, junto das autoridades aeroportuárias, era justamente a passagem de aviões que frequentemente mudavam de matrículas.

A eurodeputada recordou um caso noticiado pela imprensa portuguesa, em Janeiro passado, no aeroporto de Faro, de um avião privado com matrícula norte-americana em que seguia o vice-presidente congolês, Jean Pierre Bemba, «aliás um criminoso de guerra», disse, que mudou de matrícula para uma falsa congolesa nas barbas das autoridades portuguesas.

Ana Gomes diz que teve referências de situações destas no Porto e que «isto exige intervenção» das autoridades portuguesas.

Ana Gomes salientou que «ainda não está satisfeita» em relação ao dossier dos voos ilegais da CIA na Europa, que, na quarta-feira, foi objecto de uma posição crítica do Parlamento Europeu.