O fim do estado de graça? - TVI

O fim do estado de graça?

Humberto Coelho critica críticos O Seleccionador nacional zangou-se com a comunicação social. Por causa das críticas feitas ao futebol praticado diante da Roménia e por causa de notícias postas a circular que diz não serem verdadeiras. Humberto explica que tudo isto perturba o grupo. Os jogadores dizem que não.

ERMELO-Era bom de mais para durar. O estado de graça em que viveu a Selecção nas últimas semanas conheceu hoje o primeiro rombo. Na conferência de imprensa que antecedeu o treino em Roterdão, Humberto Coelho deixou estalar o verniz e criticou os críticos. «Eu sei que há muita gente que nem sequer queria que estivésssemos aqui. De há dois anos a esta parte tenho sido incessantemente contestado e visto como um seleccionador a curto prazo. Mas o nosso trabalho tem sido feito e os objectivos estão a ser alcançados». 

Os comentários surgiram a propósito das críticas à exibição frente à Roménia. Humberto lamentou que os jornais portugueses não tivessem destacado, por exemplo, os dois foras-de-jogo mal assinalados a Nuno Gomes e João Pinto, um lamento que está muito longe de ser rigorosamente correcto. Mas há um conjunto de circunstâncias mais alargado que determinou este momento de atrito.  

As notícias avançadas pelo «Público» e pela «Gazzetta dello Sport» segundo as quais Paulo Sousa teria recusado entrar nos últimos minutos do jogo com a Roménia - abrindo assim caminho à surpresa-Costinha - estão nesse grupo. Tal como as avançadas pela imprensa espanhola, segundo as quais Joan Gaspart, vice-presidente do Barcelona, teria efectuado uma reunião com Figo e Vítor Baía no hotel da selecção, durante o treino da tarde de domingo, treino esse que não contou com a participação dos dois jogadores. O seleccionador desmentiu ambas, com todas as letras: «É mentira! Sou o líder desta equipa e, como tal, sei tudo o que se passa em seu redor. E nada disso é do meu conhecimento». 

A questão dos contratos 

O facto de Humberto Coelho não ter permitido que qualquer jogador falasse à imprensa no dia seguinte ao jogo de Arnhem também contribuiu para carregar o ambiente, o mesmo podendo ser dito acerca da situação contratual desta equipa técnica. Todos os seus elementos terminam contrato a 31 de Julho e até agora não foi iniciado qualquer processo negocial, o que pode explicar parte da tensão revelada por Humberto. O presidente da Federação, Gilberto Madail, preferiu não comentar as declarações do seleccionador, referindo apenas que, quanto a eventuais renovações, os prazos para o processo foram fixados há muito tempo, para depois do Europeu. 

Nada disto teria muita importância se o próprio Humberto não referisse que «situações como estas são profundamente sentidas por todo o grupo de trabalho». Felizmente, Paulo Bento e Fernando Couto, os jogadores escolhidos para completar a conferência de imprensa, encarregaram-se de desfazer as angústias, garantindo que «nada do que tem vindo a público está a afectar a equipa». Quem tem razão?

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