Mulher violada frente à filha retira queixa - TVI

Mulher violada frente à filha retira queixa

  • Portugal Diário
  • 15 jul 2007, 20:14

Diz que é «para proteger a filha de nove anos»

A mulher de 36 anos residente em Amarante que no sábado se queixou à GNR de ter sido violada, na presença da filha de nove anos, acabou por desistir da queixa perante a Polícia Judiciária, disse à Lusa fonte policial.

O caso tem contornos ainda pouco claros, nomeadamente se houve ou não violação - a mulher fez exames médicos em Penafiel, dos quais se desconhece os resultados - e se as autoridades entendem ou não que se está perante um crime de rapto e sequestro que envolve também um menor, situação em que o crime é público e não necessita de queixa.

No entanto, a violação entre adultos é um crime semi-público, em que a desistência de queixa implica que cessem as investigações policiais, situação que terá levado a PJ do Porto a abandonar o caso ainda no sábado à tarde.

A mulher que disse ter sido violada, residente na freguesia de Fregim, reafirmou à Lusa que «foi abusada» por um desconhecido, mas que desistiu da queixa contra o homem que a sequestrou «para proteger a filha de nove anos» e «não a expor a um processo longo nos tribunais».

Segundo o auto de notícia da GNR de Amarante, que socorreu a mulher no sábado, o crime ocorreu cerca das 09:30, num monte do lugar de Avelais, na freguesia de Louredo, concelho de Amarante, numa zona de muitos caminhos florestais.

Mãe e filha teriam sido abordadas pelo condutor de um automóvel na estrada nacional que liga Fregim à cidade de Amarante (EN 312), na zona de Pinheiro Manso, tendo o desconhecido oferecido boleia.

Apesar da recusa, segundo a versão contada à polícia, o indivíduo meteu-as à força na viatura e conduziu-as para o referido monte, a mais de cinco quilómetros de distância, onde terá ocorrido a violação.

Maria dos Anjos Pereira foi a moradora de Avelais que socorreu mãe e filha perto de sua casa.

«A mulher descia o caminho, muito cambaleante e a chorar, com a criança pela mão, que também chorava. Trouxe-as para casa e como a mulher estava muito debilitada e mal se segurava em pé, dei-lhe um copo de água com acúcar», contou Maria dos Anjos Pereira.

Acrescentou que de seguida chamou a GNR, tendo a patrulha policial recolhido pouco tempo depois a mãe e a filha, levando-as para o posto de Amarante.

A senhora de Avelais referiu que a mulher lhe contou que «foi violada, mas que o indivíduo não fez mal à filha», embora ambas se apresentassem muito fracas e sujas com terra.

«Contou-me que se tratava de um homem com cabelo encaracolado, que não conhecia, e que ameaçou a criança para a obrigar a parar de gritar», afirmou Maria dos Anjos.

Entre o local da suposta violação e a casa que lhe deu abrigo distam cerca de 500 metros pelo caminho e embora existam outras casas na zona muitos dos moradores de Louredo tinha ido, no sábado, num passeio a Santiago de Compostela, na Espanha.

Maria dos Anjos Pereira afirmou ainda que a senhora lhe contou que o homem «tinha um carro vermelho, de marca Fiat, mas que só fixou as letras da matrícula "FI"».

Entre os residentes em Fregim circula a versão que a mulher «foi vítima de assalto», tendo-lhe sido furtada a carteira com documentos e um cheque, o que a própria também confirma.

Entretanto, fonte do hospital Padre Américo/Vale do Sousa, em Penafiel, confirmou à Lusa que a senhora foi vista pelos peritos da medicina legal no sábado, como determina a lei, mas que não poderia adiantar qualquer outra informação por o processo estar em segredo de justiça».

Apesar da desistência da queixa, a ter sido praticado um crime de rapto e sequestro envolvendo um menor - circunstância em que o crime é público - compete agora ao Ministério Público prosseguir com o inquérito para identificar o alegado sequestrador ou proceder ao seu arquivamento.
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