«A culpa é das vítimas» - TVI

«A culpa é das vítimas»

Julgamento do <i>serial killer</i> - Foto Paulo Novais para Lusa

Serial Killer: inspector da PJ nega ameaças ao ex-cabo e revela por que razão António Costa deixou de lhe falar. Vitalino Domingues diz ainda que para o arguido as culpadas pelos crimes são as vítimas

O inspector-chefe da PJ de Coimbra, Vitalino Domingues, acusado pelo ex-cabo de Santa Comba Dão de lhe ter apontado uma arma à cabeça durante o interrogatório, para forçar uma confissão, negou esta tarde peremptoriamente as acusações.

«Nem pensar nisso. O ambiente com o arguido foi sempre muito pacífico», precisou, acrescentando recordar-se do motivo que terá levado António Costa a «zangar-se» com o inspector.

Tudo terá acontecido a 30 de Junho, durante um interrogatório em que Vitalino Domingues confrontou o ex-cabo com uma provável violação de Joana, tendo em conta que o corpo da terceira vítima foi encontrado com as duas pernas na mesma perneira das cuecas.

«Ficou muito ofendido. Disse que não era um violador», explicou Vitalino Domingues. «Deixou de me falar». O inspector-chefe sublinhou que Joana terá sido abusada «quando já estava morta ou pelo menos inconsciente» dado não existirem vestígios de resistência.

A exactidão dos pormenores fornecidos pelo arguido levam Vitalino Domingues a não ter «qualquer dúvida» de que foi o ex-cabo o autor dos homicídios. «Só quem matou é que poderia saber estes pormenores todos».

Questionado sobre o que levará agora o arguido a negar os factos, o inspector foi peremptório: «É uma forma de fugir à responsabilidade».



A testemunha destacou ainda a «chantagem emocional» do ex-cabo enquanto confessava os crimes. «Para o arguido a culpa não é dele. A culpa é das vítimas. Elas é que o ameaçaram».

A ausência de emoções do militar na reserva também saltou à vista. Durante a reconstituição do crime, que foi realizada com a ajuda da inspectora Mariana (o mesmo nome da segunda vítima) Vitalino Domingues chegou a pedir reforços com receio de que o ex-cabo tentasse suicidar-se. Rapidamente percebeu que não seria necessário. «A emoção dele era nenhuma».

Durante a tarde o tribunal ouviu ainda o inspector da PJ de Coimbra, José Sineiro, que confirmou as informações anteriormente prestadas pelos colegas.



O julgamento prossegue na próxima quarta-feira, dia 20, pelas dez horas.

Leia a primeira parte deste texto: «Quero ser recordado como um homem bom»
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