Antifascistas contra museu de Salazar - TVI

Antifascistas contra museu de Salazar

  • Portugal Diário
  • 27 fev 2007, 13:39

Iniciativa visa o «branqueamento do fascismo» dizem resistentes

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Para tentar impedir a criação do Museu Salazar na terra Natal do ditador, Vimieiro, Santa Comba Dão, a União dos Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) vai lançar, sábado, um abaixo-assinado para entregar no Parlamento, informa a agência Lusa.

A reunião dos resistentes vai ter lugar na cidade de Santa Comba Dão, para a qual tanto a organização como a GNR esperam centenas ou milhares de pessoas oriundas de todo o país.

As autoridades estão, como explicou à Lusa o comandante do destacamento da GNR local, tenente Fernando Colaço, a «investigar a possibilidade de grupos neonazis estarem a preparar uma acção paralela».

Uma das questões que a URAP levanta é a possibilidade de não se tratar de um mero museu mas sim de uma iniciativa que visa o «branqueamento do fascismo em Portugal».

António Vilarigues, que integra a URAP justificou esta possibilidade à Lusa com a inexistência de elementos de estudo no futuro museu com o nome do ditador.

O espólio de Salazar e a documentação, «relevante e interessante», estão na Torre do Tombo, em Lisboa, onde «podem ser estudados e analisados e não consta que dali possam transitar para o Vimieiro», adiantou.

O pai de António Vilarigues, Sergio Vilarigues, militante comunista e resistente antifascista, passou seis anos em prisões do Estado Novo como o Campo do Tarrafal(Santiago, Cabo Verde) e a sua mãe, Maria Alda Nogueira, nove anos em Caxias.

Para António, a criação de um museu dedicado a Salazar, na sua casa, «onde só estarão, na totalidade ou quase», objectos pessoais, «não passará de um santuário para venerar o ditador», um local de «peregrinação nacional e internacional», porque o fascismo «não está morto e enterrado na Europa», bastando para isso «ver as votações de Le Pen em França», argumenta.

Apesar de, no passado, algumas «peregrinações» realizadas por ocasião de datas simbólicas ao Vimieiro, a data de nascimento ou da morte de António Oliveira Salazar, terem gerado situações tensas devido à presença de neonazis, para sábado, a URAP desconhece que estes grupos estejam a preparar quaisquer iniciativas.

António Vilarigues admite apenas que a presença de pessoas para a iniciativa da URAP vai, pelas confirmações já feitas, «ultrapassar largamente as melhores expectativas» e dar uma importante contribuição para contrariar o projecto da autarquia através da Assembleia da República, onde o abaixo-assinado será entregue.
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