Ampliação da Portela obrigará a realojar dez mil pessoas - TVI

Ampliação da Portela obrigará a realojar dez mil pessoas

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PDiário: A expansão do actual aeroporto de Lisboa é uma das hipóteses defendida por quem não quer ver uma infra-estrutura aeroportuária fora da capital. Mas esta opção tem impacto directo em milhares de residentes. Três escolas e uma igreja terão de ser deslocadas

Ota? Rio Frio? Montijo? Expandir a Portela? Construir um novo aeroporto para a capital do país e encerrar o actual? Ou construir um novo aeroporto de menor dimensão, mantendo a Portela? E onde construir esse eventual novo aeroporto? Demasiadas perguntas e ainda poucas respostas.

Na quarta-feira, o administrador-delegado da TAP, Fernando Pinto, voltou a defender a continuidade do aeroporto internacional de Lisboa na Portela e o seu alargamento. Este é apenas um dos nomes conhecidos que tem defendido a manutenção deste espaço em nome da «comodidade» dos clientes e da mais valia de estar na cidade.

Mas a expansão do actual aeroporto de Lisboa pode ter um impacto directo em milhares de residentes das zonas envolventes. Segundo um "Estudo Preliminar de Impacto Ambiental", a que o PortugalDiário teve acesso, já referido pelo ministro das Obras Públicas, Mário Lino, teriam de ser realojadas, pelo menos, dez mil pessoas.

No estudo elaborado pela Naer - Novo Aeroporto SA, em 1999, defende-se que os actuais 520 hectares ocupados pelo aeroporto da Portela não são suficientes para a criação de uma nova pista de aviação, indispensável para a manutenção desta infra-estrutura. Isso significa a expropriação de, pelo menos, 80 hectares de zona urbana. O que afectaria 1920 habitações, 47 armazéns, dez instalações industriais, três escolas e uma igreja, com o realojamento de dez mil pessoas. E o aumento do ruído afectaria cerca de meio milhão de pessoas, indica o estudo.

É preciso ter em conta que estes números se referem ao ano de 1999, altura em que foi apresentado. Ou seja, considerando o crescimento da cidade, principalmente nos arredores do aeroporto, é provável que estes números sejam actualmente superiores. Basta constatar o crescimento de bairros próximos como Lumiar, Camarate, Telheiras, Olivais ou Alta de Lisboa.

Não deixa de ser curioso referir que, na zona da Ota, «uma estimativa preliminar» do mesmo estudo indicava a necessidade de realojar «cerca de 75 famílias». Já na zona do Rio Frio, o realojamento afectaria um cálculo de 80 famílias.

No próprio documento, que apenas considera as duas opções finais para o novo aeroporto - Ota e Rio Frio -, pode ler-se que este «não pretende substituir um estudo de impacto ambiental que ainda deverá ser realizado» e é considerado indispensável.

O referido estudo é uma espécie de compilação de todas as análises anteriores à criação da Naer - Novo Aeroporto, SA, em 1998. Esta entidade tem por objectivo «proceder aos estudos necessários à preparação e execução das decisões referentes aos processos de planeamento e lançamento da construção de um novo aeroporto em Portugal continental».

Recorde-se que o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, demonstrou dúvidas quanto à localização do novo aeroporto na Ota quando assumiu a pasta, mas terá concluído que «era a opção que havia».
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