A advogada do Grémio Lisbonense e o presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau lamentaram este sábado as agressões de agentes a algumas pessoas que se encontravam na escadaria da instituição, para evitar uma acção de despejo, segundo avança a Lusa.
Agentes da PSP que estavam na sexta-feira à noite de guarda à associação, na Praça do Rossio, em Lisboa, atingiram com cassetetes vários sócios e amigos da instituição que se insurgiram contra o despejo ordenado pelo tribunal.
A PSP justificou que «utilizou os meios coercivos necessários e adequados para repor a legalidade».
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Em declarações à Lusa, a advogada da instituição, Paula Alves, e o presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau, António Manuel, afirmaram que não presenciaram o incidente porque estavam reunidos com a direcção do Grémio e em contacto com a Câmara de Lisboa para tentar encontrar uma solução para o problema.
«Eu não vi, porque quando a carga policial aconteceu já não estava ninguém no Grémio Lisbonense», disse Paula Alves, que considerou a acção da PSP um «acto lamentável».
«A PSP estava lá, e bem, a proteger o património e um espólio importante da cidade, mas o que levou àquele disparate eu não sei».
Paula Alves disse ficar «satisfeita por as pessoas se unirem em volta de causas» e que «não havia necessidade de violência».
A advogada e o autarca esclareceram que na sexta-feira não houve uma acção de despejo, mas sim uma inventariação do património da instituição.
O presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau lembrou que este processo já se arrasta há vários anos e que é um problema entre o senhorio do imóvel e o inquilino, o Grémio Lisbonense.
«Eu já apanhei o processo na fase terminal, mas a junta de freguesia não ficou indiferente e interveio com uma providência cautelar», lembrou, salientando que o principal objectivo da junta é ser intermediário para encontrar uma solução que preserve a instituição mais antiga do país.
Para tal, anunciou, está marcada uma reunião para quarta-feira com a direcção da associação, o presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau e os herdeiros do proprietário do imóvel.
A direcção da instituição mostrou disponibilidade para renegociar a renda do Grémio Lisbonense, que foi recentemente distinguido com o estatuto de «Instituição de Utilidade Pública» pela Câmara de Lisboa.
O Grémio Lisbonense recebeu sexta-feira uma ordem de despejo e, embora as chaves tenham sido entregues ao senhorio, o património da associação continua dentro do edifício até ser encontrado um novo local.
O caso remonta a 1998, quando o proprietário do imóvel iniciou uma ordem de despejo ao Grémio Lisbonense, após este ter realizado obras numa das salas, alegadamente sem o consentimento do senhorio.
Agressão no Grémio é «lamentável»
- Portugal Diário
- 9 fev 2008, 13:19
Advogada da instituição e presidente da Junta criticam polícia
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