Filhos que batem nos pais - TVI

Filhos que batem nos pais

Violência [arquivo]

APAV recebeu 390 denúncias. Agressividade dos jovens para com a família, amigos e colegas de escola está a aumentar

Relacionados
Em 2007, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) recebeu 390 denúncias de pais contra os filhos, escreve a edição de domingo do jornal Correio da Manhã. O número de queixas subiu 12 por cento em relação ao ano anterior, em que o total era de 349. Os actos agressivos de jovens com idades entre 18 e 25 anos já representam 20 por cento do total das denúncias registadas pela APAV.

Os dados da APAV mostram que a maior taxa de crescimento das agressões aos pais ocorreu entre os filhos com idades compreendidas entre os 36 e os 45 anos, mas os adolescentes e os jovens adultos agridem também cada vez mais os progenitores. Em 2007, as agressões aos pais aumentaram 40 por cento nos filhos com idades entre 36 e 45 anos, 32 por cento nos filhos com idades entre os 18 e os 25 anos e 23 por cento entre os filhos com idade até aos 17 anos.

O tipo de agressões não são facilmente identificados pela APAV, mas Elsa Beja, especialista desta Associação, diz que regra geral se tratam de «maus tratos físicos e psicológicos». Elsa Beja explica que «as agressões de filhos a pais são um fenómeno transversal: não escolhe sexo, idade, estrato social», garantindo que atinge também «as classes mais altas».

Os especialistas explicam este crescimento da taxa de agressividade dos adolescentes face aos pais com o «aumento do individualismo». Segundo Ana Vasconcelos, especialista em pedopsiquiatria, «os casais deixam de ter muitas vezes a preocupação em transmitir valores aos filhos».

«É preciso assumir o problema da violência»

Em entrevista ao Correio da Manhã, Joana Marques Vidal, presidente da APAV, diz não estar certa se o número de casos sinalizados pode «corresponde à existência de um maior número de casos ou se é reflexo de uma maior consciência sobre esta realidade».

Joana Marques Vidal admite que o problema pode ser ainda mais grave, já que «não é fácil um pai ou uma mãe reconhecer que o seu filho é capaz de ter comportamentos daqueles. E ainda é mais difícil assumir a possibilidade de se queixarem à polícia e aos tribunais»

Uma das causas deste fenómeno, segundo a presidente da APAV, não é a falta de responsabilidade dos pais, mas a confusão entre «afecto e compreensão» e «permissividade e ausência de imposição de limites», «a recusa, justa, do autoritarismo, com falta de autoridade».

Violência também aumenta nas escolas

Em 2007, a APAV registou uma subida nas queixas de agressões na escola. O número de casos a atinge os 39, o que mostra um acréscimo de nove casos face aos registados em 2006. Desse total de 39 agressões na escola destacam-se 12 entre colegas, quatro a conhecidos, dois a ex-namoradas. Segundo Elsa Beja, este aumento do número de casos de agressões nas escolas explica-se em parte pela maior noção por parte das pessoas de que este tipo de situações é considerada crime.

As queixas de agressões de pais aos filhos também aumentaram. Em 2007 a APAV registou 528 casos, face os 521 de 2006. Em 2005 a Associação contabilizou um total de 446 queixas deste tipo.
Continue a ler esta notícia

Relacionados