Portugueses são os mais baixos da Europa - TVI

Portugueses são os mais baixos da Europa

  • Portugal Diário
  • Ana Rute Peixinho e Vanda Proença, Agência Lusa
  • 4 fev 2008, 01:14
Portugueses são os mais baixos da Europa

Altura dos homens portugueses está a aumentar cerca de um centímetro por década

A altura dos homens portugueses está a aumentar cerca de um centímetro por década, prevendo-se que em 2010 a média seja ligeiramente superior a 1,73 metros, de acordo com um estudo antropológico.

Com base em dados do recrutamento militar, a antropóloga Cristina Padez estudou a evolução do tamanho dos homens portugueses desde 1904, concluindo que o tamanho médio de 1,72 metros registado em 2000 representou um aumento de 8,93 centímetros, ou seja 0,99 centímetros por década.

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«Pode dizer-se que vamos continuar a aumentar cerca de um centímetro por década, pelo menos enquanto continuarem a melhorar as condições ambientais», defendeu a antropóloga da Universidade de Coimbra, em entrevista à agência Lusa.

A alimentação, o grau de instrução, os cuidados com a saúde são, entre outros, os factores ambientais que condicionam o crescimento do homem, mais do que os factores genéticos, segundo a especialista.

Também o antropólogo António Piedade, professor da Universidade de Lisboa, relembra que os períodos de crise, como as guerras, em que os constrangimentos alimentares e de condições de saúde são grandes, condicionam o processo de crescimento.

«Daí que na segunda metade do século XX, quando acabou a segunda Guerra Mundial, o aumento [de altura] na população europeia fosse progressivamente maior com a melhoria das condições de vida», explicou António Piedade.

Os mais baixos da Europa

Os dados de 2000 mostram que os portugueses continuam a ser os mais baixos da Europa, com uma média de 1,72 metros.

A altura média dos espanhóis era de quase 1,74 metros, a dos franceses de quase 1,75, a dos belgas de 1,76, a dos suecos 1,79 e a dos holandeses 1,84 metros.

Enquanto os países do norte da Europa atingiram uma estabilização do crescimento, uma vez que toda a população tem já boas condições de vida, em Portugal a tendência é para continuarmos a aumentar.

«Quando analisamos o grau de instrução e a saúde ou alimentação, verificamos que os mais altos, em média, são os que têm melhores níveis nestes parâmetros. Como em Portugal ainda há muitos passos a dar nesta matéria, podemos prever que vamos continuar a crescer nos próximos anos», defendeu Cristina Padez.

António Piedade conclui: «As pessoas não são cada vez maiores, há é cada vez mais pessoas grandes, que contribuem para um aumento da estatura média da população».

O especialista sublinhou ainda que os casos de pessoas extremamente altas e baixas resultam da expressão de ¿combinações genéticas raras¿ que dificilmente se repetem.

«Os filhos de pais muito pequenos são geralmente mais altos do que os pais e os filhos de casais muito altos são normalmente mais baixos. É o chamado fenómeno de regressão para a média descrito no final do século XIX por Francis Galton», explica.



Lisboetas são os mais altos, madeirenses os mais baixos

Os portugueses mais altos são de Lisboa e os mais baixos da Madeira, devido às condições de vida nestas regiões, mas a diferença entre grandes e pequenos tem diminuído nos últimos anos.

«É teoricamente possível dizer que os distritos mais desenvolvidos têm as pessoas mais altas», explicou em entrevista à agência Lusa a antropóloga Cristina Padez, que comparou as alturas de homens com 18 anos inscritos no recrutamento militar entre 1904 e 2000.

Há oito anos Lisboa e Braga eram os distritos com pessoas mais altas, com uma média de 172,79 centímetros e 172,67 centímetros, respectivamente. No fim da lista estavam a Madeira (170,67) e Castelo Branco, Coimbra e Leiria (171,31). A diferença entre os mais altos e os mais baixos diminuiu nos cem anos abrangidos pela análise.
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