Figuras públicas devem assumir homossexualidade - TVI

Figuras públicas devem assumir homossexualidade

Já é tempo!

É uma posição defendida pela Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual. Isso ajudaria à «normalização» da homossexualidade

A associação que representa pais de filhos homossexuais defende que as figuras públicas com peso em Portugal devem assumir a homossexualidade para ajudar a sociedade a tornar natural esta orientação sexual. Em declarações à agência Lusa, a presidente da Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual (AMPLOS), Margarida Faria, admite que a revelação da homossexualidade aos pais é uma das etapas mais difíceis na vida dos jovens.

«Conheço muitos jovens que vêm ter comigo porque querem falar com os pais e não sabem como fazê-lo. Sentem que o ambiente em casa não é propício e têm muito medo da reacção dos pais», aponta.

Ricardo, 21 anos, tem há oito meses o seu primeiro namorado, mas ainda não conseguiu assumir perante os pais a homossexualidade. «Quero casar, ter uma vida normal como qualquer pessoa, mas sinto que estou a viver duas vidas. Ando sempre em sobressalto com a ideia de lhes contar. Temo que me rejeitem. E depois tenho a outra vida, a única em que sou verdadeiro», relata.

O pediatra Mário Cordeiro admite que os pais possam precisar de aconselhamento médico ou psicológico para aceitar esta realidade, muito por causa «do actual estado do tecido social». Contudo, aconselha as famílias a nunca esquecerem que os filhos «merecem respeito e amor» e que a homossexualidade não deve ser sentida como uma falha ou desilusão.

A presidente da AMPLOS admite que são frequentes as situações de pais que lidam mal com a revelação. «Há pais que começam a persegui-los, que os proíbem de ser homossexuais, fazem ameaças físicas, se os vêm com os namorados fazem cenas, perdem a confiança nos filhos, pedem-lhes para mudar ou então levam-nos ao médico», exemplifica.

Margarida Faria defende que a forma como os pais lidam com a orientação sexual dos filhos tem influência na vida destes. Nos casos em que sentem o apoio familiar reagem de forma mais positiva a situações homofóbicas.

Um estudo de pediatras norte-americanos realizado em 2007 demonstrou a relação entre a rejeição parental à orientação sexual e problemas de saúde mental.

Aos olhos da AMPLOS, o que poderia pôr fim a esta rejeição seria a «naturalização» da homossexualidade, tendo aí os pediatras um papel essencial na comunicação com os pais. Ainda maior impacto teria, defende, que as figuras mediáticas, como os políticos, assumissem, com naturalidade, a homossexualidade: «Era muito importante que as pessoas que têm peso político neste país aparecessem a dizer que são homossexuais porque são os chamados role model com quem as pessoas se identificam».
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