Nuno Cardoso: multar Boavista seria «absurdo» - TVI

Nuno Cardoso: multar Boavista seria «absurdo»

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Ex-autarca não se lembra de ter arquivado processo contra o clube

O antigo presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso, acusado de prevaricação por arquivar uma contra-ordenação aplicada ao Boavista Futebol Clube (BFC), afirmou em declarações ao PortugalDiário que apenas viu «uma cópia e não o original» do despacho que supostamente assinou, acrescentando considerar tudo «muito estranho».

«Não tenho memória de assinar o referido documento, mas a cópia que vi, nem sequer tinha os meus carimbos», acrescentou.

Multar Boavista seria «uma situação absurda»

De qualquer modo, a aplicação de contra-ordenações ao BFC seria, para o ex-autarca, «uma situação absurda e muito injusta», já que os atrasos na obtenção das licenças eram alheios ao clube.

«O Boavista já tinha um processo de loteamento aprovado, quando a autarquia avançou com o projecto de um traçado paralelo à Avenida da Boavista». O novo projecto implicava alterações no loteamento do BFC e este aceitou fazê-lo. «Podia não o ter feito, obrigando a autarquia a avançar com expropriações», precisou Nuno Cardoso.

Aplicar coimas naquele caso, devido à burocracia de anos neste país, «seria um absurdo», insistiu.

Contactada pelo PortugalDiário a defesa de Nuno Cardoso, assegurada pelo escritório Gil Moreira dos Santos, Caldeira Cernadas & Associados, referiu que o ex-autarca não prestou declarações no interrogatório em que foi constituído arguido, a 7 de Novembro de 2007, e que também não pretende requerer a abertura da instrução, seguindo com o processo para julgamento.

«Não vale a pena. Neste momento não temos nada de muito concreto capaz de afastar os indícios. Essa é matéria para julgamento», precisou fonte daquela sociedade de advogados.

Fernando Albuquerque está «perplexo»

O antigo vereador com o Pelouro da Protecção Civil, Fernando Albuquerque, igualmente acusado por prevaricação, admitiu estar «perplexo» com a acusação e adiantou que tenciona requerer a abertura da instrução, uma fase destinada a apreciar a decisão do MP de levar o processo a julgamento.

Quando foi ouvido na qualidade de arguido, a 9 de Novembro de 2007, Fernando Albuquerque admitiu ter pedido o processo porque se tratava da contra-ordenação «mais grave que corria termos na Polícia Municipal» e que podia gerar uma receita avultada para os cofres do município.

Acrescentou, porém, que o processo acabou por ficar «esquecido até Dezembro de 2004» devido a uma «acumulação de trabalho». Assegurou, no entanto, que nunca quis beneficiar o clube.

Leia a primeira parte deste artigo Apito: Nuno Cardoso acusado
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