Homens procuram as <i>bruxas</i> - TVI

Homens procuram as <i>bruxas</i>

Encontro do oculto

Já representam 70 por cento das consultas da taróloga entrevistada

As bruxas são meramente decorativas mas os budas (um colocado de frente e o outro de costas) têm um papel a cumprir: «Um leva as coisas más e o outro traz as boas», explica «D. Maria Antónia», a taróloga que «só trabalha para o Bem» e que a visitante Marisol Couto escolheu para a primeira consulta.

«Fiquei muito satisfeita. Disse-me coisas muito boas sobre o meu futuro», conta a entusiasmada senhora. «Bem, a previsão é muito genérica e, além disso, só daqui a uns anos saberá se a taróloga é credível», atiramos sem disfarçar o cepticismo congénito. Mas não ficamos sem resposta: «A ver pelo que fez lá dentro: disse-me que tive duas operações e dois filhos e acertou em cheio!».

Yo no creo en las brujas...

«Yo no creo en las brujas. . .mas a curiosidade também nos sobra pelo que arriscámos testar as cartas da taróloga. Afirmações certeiras (mas genéricas) em relação ao passado e a previsão de um futuro radioso à nossa espera. Agradecemos com um sorriso aberto (naturalmente) e seguimos viagem para a taróloga da barraquinha ao lado. Não para confirmar as previsões de D. Maria (para quê mexer no que está bem?!) mas para acrescentar mais um testemunho à reportagem.

É aí que encontramos Dina Alves, a taróloga que garante a máxima sinceridade aos clientes: «Só não revelo a morte porque não é ético», explica. «Se vir que a pessoa está muito doente, dou a volta, pergunto se teve alguma doença e digo-lhe que a saúde está primeiro». Das vezes em que isto aconteceu ficou «de rastos e sem vontade de dar mais consultas».

Homens procuram as bruxas

As várias feiras em que tem participado só ajudam a reforçar uma convicção: é a classe alta quem mais procura a ajuda do oculto. «Então em Coimbra foi mesmo demais. Só me apareciam professores catedráticos, médicos e enfermeiros», confidencia. Outra curiosidade: «70 por cento dos clientes são homens» e pedem aconselhamento sobre finanças e vida amorosa. «Verifico que os homens andam com muito medo de ficar sós», desabafa.

Pela feira encontramos ainda Luís Togum, o babalorixá (pai de santo) que deita búzios e garante que «não adivinha, apenas mostra às pessoas os vários caminhos que podem escolher». Além disso, nunca (jamais em tempo algum) aconselha os clientes a deixarem a medicação prescrita por um médico. «A medicina é para os médicos», refere.

No fundo da sala enfrentamos José Almeida, o jovem que já não é capaz ver as auras à vista desarmada, mas que munido de uma máquina fotográfica consegue captar a energia que rodeia cada pessoa. «Vermelho é vitalidade, amarelo alegria ou teimosia, verde perfeccionismo, azul paz e tranquilidade e rosa ternura». A aura branca ou dourada é a perfeição a que todos aspiramos. Já uma aura negra ou com muitas falhas (buracos) evidencia uma energia muito pouco recomendável.

À saída voltamos a encontrar o mestre Alves, que pouco antes nos dissera que os médiuns orientam as pessoas mas não são adivinhos puros e duros. «Se assim fosse, acertávamos no Euromilhões».

Leia a primeira parte da reportagem: «Médiuns: como não ser enganado
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